terça-feira, 28 de dezembro de 2010

NA TERRA DOS EUCALIPTOS: UM MAGNÍFICO DOIS MIL E ONZE

NA TERRA DOS EUCALIPTOS: UM MAGNÍFICO DOIS MIL E ONZE: "Um enorme bjo e abraço para todos os que me são queridos! Este é para vocês!Desejo-vos a todos um fantástico 2011!"

ASSIM VAI O FUTEBOL PORTUGUÊS...


Tenho andado arredado das coisas do futebol, motivo pelo qual tenho escrito muito pouco, neste blog, nestes últimos tempos.
Seguramente que a campanha, decepcionante, do meu Benfica, na presente época, não é alheia a esse meu arredamento, bem pelo contrário, tanto mais que as exibições da pré-época pareciam apontar para a repetição do brilharete da época passada, o que tem estado muito longe de acontecer.
Mas enfim, as coisas são como são e não adianta chorar sobre leite derramado...
Mas o motivo deste meu escrito não tem como objectivo falar do Benfica, isso fica para outra ocasião, mas antes comentar as notícias vindas a público sobre a posição da FIFA, quanto à adequação dos estatutos da Federação Portuguesa de Futebol.
Quando muitos portugueses consideram que seria uma vergonha se o FMI tivesse que intervir, para equilibrar as finanças públicas portuguesas, a FIFA, entidade reguladora do futebol mundial, viu-se obrigada a dar um valente "puxão de orelhas" aos dirigentes federativos, porque alguns homens da bola, e associações, teimam em desrespeitar as leis do país, recusando-se a adequar os estatutos da Federação Portuguesa de Futebol ás exigências da Lei de Bases do Sistema Desportivo.
Lamentável, digo eu, que seja preciso uma intervenção externa, para obrigar os dirigentes a cumprirem a lei, mas, como diria o meu avô, "quem não tem vergonha, todo o mundo é seu"...
Infelizmente, e para quem tiver dúvidas sobre a qualidade de quem dirige o futebol português, passo a transcrever parte da entrevista concedida pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, da Federação Portuguesa de Futebol, ao DN Desporto. (http://dn.sapo.pt/desporto/interior.aspx?content_id=1744239)

"Apesar de desconhecer a carta enviada pela FIFA à FPF a aconselhar a adequação dos estatutos ao novo regime jurídico, Avelino da Rocha Ribeiro não deixou de manifestar também à Agência Lusa o seu incómodo pela iniciativa da FIFA, que, em situação extrema, pode suspender a filiada portuguesa.
"A ser verdade (a carta da FIFA), parece que voltámos ao tempo da ditadura. Não se pode votar contra? Não sei como se pode impor a uma federação que aprove novos estatutos", considerou o presidente da Assembleia-Geral da FPF.
O presidente da AG insistiu que "juridicamente, todas as pessoas têm o direito de manifestar a sua opinião", logo, não podem ser obrigadas a votar contra os seus princípios: "Isso era antes do 25 de Abril".
Sobre a convocação de uma Assembleia-Geral extraordinária, que levaria à suspensão das eleições de 5 de Fevereiro para a prévia aprovação dos novos estatutos, Avelino da Rocha Ribeiro admite avalizar a proposta caso o requerimento seja feito por associados que garantam o mínimo de 75 por cento dos votos.
"A minha resposta será sempre 'talvez' ou 'em princípio sim', porque garantias não terei nunca. As pessoas que fizerem o requerimento podem depois não votar os novos estatutos. Não me podem é obrigar a comprometer-me com a aprovação dos novos estatutos. O único compromisso que tenho quando assumi este cargo foi com o futebol, não com os interesses particulares de ninguém", frisou o dirigente.
Avelino da Rocha Ribeiro reconhece, porém, que o actual impasse, resultante da recusa da maioria das associações em aprovar os novos estatutos, "pode colocar em causa o futebol português", caso a FIFA tome mesmo medidas mais drásticas relativamente à FPF.
"Será uma situação muito complexa se a FIFA suspender o futebol português. Se nada se modificar, as eleições têm de ser realizadas a 5 de Fevereiro. Se desejam resolver este problema, digam o que querem", afirmou o mesmo dirigente.
O presidente da Assembleia-Geral voltou a insistir aos interessados que se pronunciem, pois está disponível para avalizar qualquer pedido formal que vise a resolução deste problema.
"Que os interessados se pronunciem. Nunca deixei de convocar nenhuma Assembleia-Geral que me fosse solicitada. Nunca votei em nenhuma delas e se os estatutos não estão aprovados não é pelos meus votos", recordou."

Palavras para quê?
Assim vai o futebol português...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A TAÇA E OS "PEQUENOS"...


Mais um sorteio da Taça de Portugal, com destaque para o facto de o FC Porto voltar a receber uma equipa de uma divisão inferior, desta vez o Pinhalnovense.
Sorte, a dos dragões, nos sorteios, mas não é disso que quero tratar agora...
Infelizmente, a Federação Portuguesa de Futebol tarda em perceber que lhe incumbe fazer mais pela promoção do futebol e continua a permitir que estes jogos, entre "grandes" e "pequenos", se disputem em casa dos primeiros.
Tal como sucede noutros países, seria, seguramente, mais interessante, do ponto de vista desportivo, e contribuiria mais para a promoção do futebol, se o jogo se disputasse em casa do Pinhalnovense.
Mas, em Portugal, e com estes dirigentes federativos, a protecção dos grandes clubes é sagrada...
Com eleições à vista, espero bem que este seja um dos temas a constar da agenda da nova equipa federativa, qualquer que ela seja.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O FUTEBOL QUE TEMOS


Manuel Fernandes, o treinador do Vitória, de Setúbal, anunciou, após o jogo com o Futebol Clube do Porto, que admitia a possibilidade de abandonar o futebol, quando terminar o contrato que o liga ao clube sadino.
Indignado com a arbitragem do jogo, que deu a vitória ao Porto, por 1-0, ao assinalar um penalti inexistente, Manuel Fernandes recusou alongar-se em comentários, para não ser castigado, e remeteu para o trabalho dos jornalistas a apreciação do trabalho do árbitro.
Seja como for, a verdade é que o Porto voltou a somar 3 pontos, graças a mais um clamoroso erro de arbitragem, o que sucede pela terceira, ou quarta, vez esta época, e quando vamos, apenas, na 12ª jornada.
Quando se falava, à boca cheia, dos resultados fabricados pelos árbitros, mas não se conheciam as escutas, a sucessão de erros de arbitragem, sempre em favor da mesma equipa, ou para seu benefício directo, podiam, ainda que ingenuamente, ser atribuídas a lamentáveis coincidências, e ao natural erro humano.
Agora, depois de tudo o que se viu e ouviu sobre a escolha dos árbitros e as suas classificações, torna-se difícil acreditar que tantos erros, em benefício dos suspeitos do costume, não sejam motivados por alguma mão invisível...
Ou, se preferirem, por uma mão que, sendo visível, muitos se recusaram, e recusam, a querer ver.
Conhecedor do nosso futebol e homem de reconhecida seriedade, Manuel Fernandes sabe do que fala, e o que disse, e deixou entender, devia merecer reflexão, por parte de todos os que gostam de futebol, mas, infelizmente, as suas palavras cairão, como as de tantos outros, em saco roto.
É pena, mas é o futebol que temos...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DEPOIS DO FLA...O FLU


O Fluminense Football Club, fundado no Rio de Janeiro, em Julho de 1902, sagrou-se, ontem, campeão brasileiro, sucedendo ao seu grande rival carioca, o Flamengo, depois de 26 anos de jejum.
A maior curiosidade é que, no ano passado, orientado pelo técnico Cuca, o Fluminense apenas se conseguiu salvar da descida de divisão após uma heróica ponta final, mantendo-se invicto nas últimas 11 jornadas do campeonato, com 4 empates e 7 vitórias, seis delas consecutivas.
Este ano, sob o comando do técnico Muricy Ramalho, o tricolor repetiu a façanha de 1984, enquanto o seu treinador conseguia o seu quarto título, nesta década, sendo os restantes ao serviço do São Paulo.
Sendo o futebol um desporto colectivo, claro que todos estão de parabéns, dirigentes, equipa técnica e jogadores, mas seria uma injustiça não destacar o papel do argentino Conca nesta conquista, um jogador de pequena estatura, mas de classe extraordinária.
Referências para o Cruzeiro, que conquistou o segundo lugar na última jornada, batendo o Palmeiras, do conhecido Felipão, e para o Corinthians, que não só não conseguiu sagrar-se campeão, em ano de centenário, não resistindo à saída de Mano Menezes, em Julho deste ano, para liderar a selecção brasileira, como também acabou por perder o segundo lugar, ao empatar, na última jornada, com o despromovido Goiás.
Decepcionante foi a prestação do campeão em título, o Flamengo, que, enredado em problemas de diversa ordem, terminou a época em 14º lugar.
De lamentar que a equipa do Santos, após um brilhante campeonato paulista, que venceu, tenha sido desmantelada e atravessado problemas de vária natureza, como a lesão de Paulo Henrique "Ganso", a indisciplina de Neymar, e a saída do técnico Dorival Júnior, que acabaria por salvar o Atlético Mineiro da descida de divisão.
O Santos que disputou o campeonato paulista teria sido, seguramente, um sério candidato à conquista do brasileirão, pois praticou um futebol que encantou todos os amantes da modalidade, e motivou a cobiça das suas principais estrelas...
Já o meu Vasco, regressado à primeira divisão, cumpriu o que se lhe pedia, terminando o brasileirão em 11º lugar.
Uma palavra de conforto para os despromovidos, Vitória, Guarani, Goiás e Prudente, com votos das maiores felicidades para o futuro.
Em suma, terminou mais um brasileirão, com a vitória do tricolor Flu, depois do Fla, sob a liderança de um futebol carioca, em ascensão, que a próxima época se encarregará, ou não, de confirmar.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

FROM RUSSIA WITH...MONEY


A FIFA decidiu atribuir à Rússia a organização do campeonato do mundo de futebol, em 2018.
A candidatura ibérica, que recolheu o segundo maior número de votos, reunia, segundo os especialistas da FIFA, melhores condições para organizar o evento, mas isso não foi suficiente para impedir a escolha do candidato menos recomendado...
No que me diz respeito, só lamento a não atribuição do Mundial 2018 à Espanha, e Portugal, na medida em que não terei a possibilidade de confirmar, ou não, o papel de absoluta menoridade que, em meu entender, nos estava confiado, em todo o processo.
Quanto ao resto, registo a habitual coragem e frontalidade dos ingleses, que custou a eliminação da sua candidatura, logo na primeira volta, e a indignação de Putin, ante as acusações de corrupção.
Aliás, a justificação de Putin, para a sua ausência do sorteio, merece-me a mesma credibilidade que todo o processo de escolha.
Quando Putin diz que esteve ausente para que a decisão da FIFA fosse tomada "sem pressão externa e de maneira objectiva", está a pedir que alguém lhe explique que existem pressões legítimas e outras que o não são. Mas disso, Putin sabe, como muito poucos...
E a presença de Putin em Zurique, para defender a sua causa, seria, decerto, mais compreensível e aceitável, do que a sua viagem triunfal, depois de oficializada a vitória, antecipadamente anunciada...
Para a posteridade ficam as rugas na testa de Blatter, como se pode ver na foto, no momento do anúncio da decisão, que não me parecem próprias de um homem descontraído...
Com esta escolha, Blatter garantiu a sua reeleição, à frente dos destinos da FIFA, mas o organismo responsável pelo futebol mundial ficou, uma vez mais, sob suspeita.
É que todos sabemos que as pressões ilegítimas se fazem, sempre, ás escondidas.
Mas o que nunca saberemos, ou saberemos tarde demais, é se, na sua viagem para Zurique, Putin se terá feito acompanhar do livro de cheques...

domingo, 28 de novembro de 2010

A REVOLTA DO LUÍS...


Villas-Boas, o "Mourinho de Vila do Conde", afirmou, depois do jogo entre Sporting e Porto, que não viu motivos para a sua expulsão.
Afinal, ele limitou-se a dizer ao árbitro, por duas vezes, que "estava a haver uma dualidade de critérios, escandalosa".
Bem sei que, Luís André Pina Cabral Villas-Boas, o "Mourinho de Vila do Conde", apenas concluiu o 12º segundo ano de escolaridade, mas isso, nos meus tempos de escola, era mais do que suficiente para nos ensinarem que, quando se acusa alguém de utilizar dualidade de critério, para julgar factos, iguais, ou semelhantes, se está, implicitamente, a dizer que esse alguém está a favorecer uma das partes, em detrimento de outra.
Entendendo-se por critério a faculdade de distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, e por dualidade, o carácter ou propriedade do que é duplo, o pobre do Luís não entende que possa ter sido expulso só porque disse ao árbitro, por duas vezes, que ele estava, escandalosamente, a usar um critério, para avaliar os lances que envolviam os jogadores do Sporting, que favorecia este clube, em prejuízo, da sua equipa, o Porto. E que o estava a fazer deliberadamente.
Na escola do Luís não lhe explicaram, mas dizer de um juiz que ele utiliza uma dualidade de critérios para avaliar o mesmo facto, ou ocorrência, significa dizer que está a ser desonesto, porquanto, como juiz, lhe cabe julgar utilizando o mesmo critério.
Mas como o Luís não aprendeu isso, lá terá que dar, um destes dias, mais um "grito de revolta"...

UM CLÁSSICO, NO POMAR...


Apesar do golo marcado em situação irregular, o Sporting concedeu um empate, perante o Porto, num jogo que poderia ter vencido.
A proliferação de maçãs, que não constou que estivessem podres, levou-me a pensar, atentas as declarações da polícia, se não haverá um pomar no interior do Alvalade XXI, já que as bolas de golfe, em jogos do Porto, passaram a ser parte integrante do espectáculo...
Num jogo em que o Porto foi menos brilhante do que nos jogos contra Braga e Benfica, o líder preservou uma vantagem importante e o Sporting terá ficado, a meu ver, definitivamente arredado do título.
Villas-Boas continuou a fazer o seu "apelo à revolta", que, pelos vistos, continua a dar resultado, enquanto que entre os adversários parece reinar um apelo ao conformismo...
Uma nota interessante, desta vez para a "clarividência" do jornalista que, numa das perguntas de abertura da conferência de imprensa, inquiriu o treinador do Porto para saber se ele achava que, a expulsão de Maicon, teria tido influência o resultado...
Enfim, foi mais um clássico, jogado no campo, só que, desta vez, não num campo de golfe, mas no pomar de Alvalade...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ENQUANTO É TEMPO...


O Benfica acaba de ser derrotado, por 3-0, pelo Hapoel de Telavive, ficando, desde já, afastado da disputa pela passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões.
Como benfiquista, a minha desilusão é total.
E de nada serve vir falar, como faz Jorge Jesus, das oportunidades criadas, do número de remates e de cantos ou da percentagem de posse de bola.
A verdade é que nada disso ganha jogos, mas sim os golos que se marcam, e os que não se sofrem.
O Benfica foi uma equipa pouco criativa, não soube reagir ao primeiro golo do adversário, afunilou demasiado o jogo e foi demasiado lenta.
Agora resta-nos esperar que não exista mais nenhuma surpresa desagradável e acreditar que iremos disputar a Liga Europa...
Mas parece-me necessário que se faça uma reflexão sobre o que tem sido este primeiro terço da época desportiva e se identifiquem as razões que levam a equipa, cuja qualidade todos reconhecemos, a ter tantas prestações infelizes e a revelar-se apática, em momentos em que se lhe exigia garra e determinação.
E também a equipa técnica, com destaque para Jorge Jesus, terá de reflectir sobre as suas opções, quer no que diz respeito à disposição da equipa em campo, quer quanto à escolha dos jogadores a utilizar, já que me parece inequívoco que têm sido cometidos demasiados erros.
Reajam, antes que a decepção se apodere de todos, jogadores, equipa técnica, dirigentes, sócios e simpatizantes, e uma época que se iniciou com elevadas e legítimas expectativas, face ao elevadíssimo investimento efectuado, venha a redundar numa monumental desilusão.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

UM FUTEBOL DE MENTIRA


Paira sobre alguns clubes portugueses, que disputam a primeira Liga de futebol profissional, o espectro da falência, ainda antes do final da presente época desportiva.
O assunto parece ser de tal forma sério que mereceu honras de abertura no programa desportivo "O Dia Seguinte", que passa, nas noites de Segunda-Feira, na SIC Notícias.
A avaliar pelo que foi dito no referido programa, a difícil situação financeira em que se encontra o Beira-Mar e o estado de penúria do Vitória de Setúbal não serão casos únicos, entre os clubes que disputam a primeira Liga, sendo expectável que outros venham a revelar, em breve, os seus gravíssimos problemas financeiros.
Não se trata de uma situação nova, como bem lembraram os comentadores do programa, já que todos conhecemos o que se passou, por exemplo, com o Farense, o Salgueiros, ou o Boavista, mas seria inédito se algum clube viesse a ter de abandonar a participação na competição, antes de terminada a época desportiva.
Interessante, ou talvez não, é verificarmos que há já quem aproveite para defender a criação de uma Liga Ibérica, como se isso não fosse, apenas, uma eventual solução para os problemas de poucos e os pequenos clubes não continuassem a ter problemas de viabilidade.
Os problemas com o financiamento dos clubes portugueses de futebol profissional são crónicos, e se muitos sobreviveram, até hoje, isso deve-se a favores de diferentes naturezas, quer por parte do Estado e das Autarquias, quer através da carolice e mecenatismo de muitos.
Contudo, o futebol nacional continua a ser uma espécie de "feira de gado da Malveira", para usar a expressão de José Ribeiro e Castro, com clubes pobres e muitos interesses à sua volta, que em nada os beneficiam e deles se aproveitam. Mas enfim, isso são outros vinte cinco tostões...
Como já aqui defendi, várias vezes, é preciso começar por reconhecer a falência do actual sistema e avançar com medidas drásticas no sentido de proteger os clubes e defender uma indústria que, apesar de demonstrar uma enorme vitalidade em matéria de captação de receitas, parece condenar ao empobrecimento os seus principais intervenientes.
Só que isso requer o empenhamento do Governo, da Federação, da Liga, dos Clubes e de todos aqueles cuja actividade principal gira em torno do futebol, como é o caso, por exemplo, da Olivedesportos, que detém a quase totalidade dos direitos televisivos.
Sem prejuízo de outras medidas, entendo que seria urgente fazer aprovar as seguintes:
1. Redução do número de clubes que disputam as Ligas profissionais, para um máximo de 12 equipas em cada uma, e definição de um modelo que leve à realização de um maior número de jogos entre as principais equipas, aumentando-se, assim, as receitas, quer de bilheteira, quer as que se relacionam com de televisão, publicidade e patrocínios;
2. Negociação, pela Liga de Clubes de Futebol Profissional, com a Olivedesportos, visando a aquisição da totalidade dos direitos televisivos;
3. Estabelecimento de um sistema de repartição das receitas provenientes dos direitos televisivas entre os clubes, semelhante ao que ocorre noutras Ligas, como a espanhola, por exemplo;
4. Aprovação de um limite máximo de endividamento, em função do valor médio dos activos, disponíveis e realizáveis;
5. Criação de um organismo autónomo, no seio da Liga, com as funções de acompanhar e controlar a evolução das contas dos clubes e sociedades anónimas desportivas, bem como as aquisições e vendas de passes de jogadores e respectivos fluxos financeiros;
6. Revisão da legislação que regula o funcionamento das sociedades anónimas desportivas e o seu relacionamento com o clube de que são originárias.
Sem estas alterações, que reputo de essenciais para a sobrevivência dos nossos principais clubes e do futebol português, receio que continuemos a viver num futebol de mentira, que a muitos aproveita, mas cujas consequências não me parece ser possível continuar a ignorar, por muito mais tempo...

ENLEIOS...


"O Sport Lisboa e Benfica está satisfeito com o seu plantel, acredita no seu valor e na capacidade de todos aqueles que, actualmente, o integram, e, em princípio, nenhum novo jogador chegará em Janeiro", refere o comunicado publicado no site oficial do clube, no passado dia 19 de Novembro.
Emitido com o objectivo de desmentir algumas notícias que dão como prováveis as chegadas de novos jogadores, já em Janeiro, este comunicado consegue a proeza de desmentir notícias, não desmentindo nada.
Dizer que, "em princípio", nenhum novo jogador chegará em Janeiro, legitima, desde logo, a pergunta: E no fim?
Em matéria de contratações, para reforço do quadro de atletas profissionais do Clube, sempre me habituei a ouvir dizer que "o plantel nunca está fechado", e, como benfiquista, gostava de poder continuar a pensar que assim continuará a ser...

EM DEFESA DO FUTEBOL...


"Das 42 equipas que fazem parte da Liga BBVA (primeira liga espanhola) e Liga Adelante (segunda liga espanhola), 30 chegaram a um acordo que prevê uma forma mais equitativa para a partilha das receitas provenientes dos direitos de transmissão televisiva da liga, reduzindo o fosso que separa as grandes das pequenas equipas.
Em 2009/2010 a venda dos direitos de transmissão televisiva dos 42 clubes da primeira e segunda ligas espanhola, cifrou-se em cerca de 625 milhões de Euros. Deste valor, Real Madrid e FC Barcelona arrecadaram cerca de 22,5% cada, enquanto por exemplo os clubes mais pequenos da primeira liga arrecadaram pouco mais que 1,5%. (ver. As receitas TV dos clubes Espanhóis em 09/10)
Embora o acordo não seja unânime, Real Madrid e FC Barcelona concordaram em reduzir as suas percentagem nas receitas televisivas de 22,5% para 17%, significando que em vez de arrecadaram em conjunto 280 milhões de Euros, passam a ganhar 212,5 milhões de Euros anuais, levando em conta o valor das receitas TV de 09/10.
Este acordo prevê também a redução nas receitas TV conjuntas de Atlético Madrid e Valencia de 13% para 11%, enquanto as 22 equipas da segunda liga, terão direito a 9% da receita, mais do dobro da receita actual. No entanto alguns clubes consideram insuficiente este acordo, nomeadamente; Sevilha, At. Bilbao, Villarreal, Espanhol, Zaragoza e Real Sociedad."

A notícia, tal como a transcrevo, consta da edição "on-line", de hôje, da futebolfinance (www.futebolfinance.com), a qual tem como título "Real Madrid e FC Barcelona concordam diminuir as receitas TV".
Apesar da falta de unanimidade, registe a disponibilidade dos dois gigantes do futebol espanhol, e mundial, em abdicarem de parte das suas receitas, em favor dos clubes mais pequenos, uma forma de melhorar a situação financeira destes e, por esta via, melhorar a competitividade do futebol espanhol.
Por cá, ao contrário, é o cada um que se amanhe, com os dirigentes da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, e dos nossos principais clubes, a assobiarem para o lado e a fazerem de conta que não percebem...
Entre as várias coisas que é preciso alterar no futebol português, como o próprio quadro competitivo, rever a questão do financiamento dos clubes deveria constituir uma das principais prioridades de quem tem a responsabilidade pela sua gestão.
O modelo existente já provou que não serve os interesses do futebol nacional e tem produzido os resultados que todos conhecemos: clubes em dificuldades e salários em atraso.
Alterar a situação actual, o que só é possível pela via de um entendimento entre a Liga, os clubes que ela representa e a Olivedesportos, a principal "financiadora" do sistema, pela via dos direitos televisivos, deveria ser o objectivo de todos os que pugnam por uma maior competitividade no futebol português.
Mas isso implicaria que todas as partes envolvidas reconhecessem que a alteração do actual sistema, desenhado para favorecer os grandes clubes, acabaria, a médio prazo, por trazer benefícios para todos, o que parece estar longe de acontecer.
Afinal, no futebol, como em tantas outras coisas no nosso país, a política de dividir para reinar parece acabar, sempre, ou quase sempre, por prevalecer, com os interesses particulares a sobreporem-se aos interesses colectivos...

sábado, 20 de novembro de 2010

CENTENÁRIO DO VITÓRIA DE SETÚBAL


O Vitória Futebol Clube celebra hoje o centenário da sua constituição, à época com o nome de Sport Vitória. Só mais tarde, a 5 de Maio de 1911, assumiria a designação de Vitória Foot-Ball Club, nome que ainda conserva, com os anglicismos a substituírem as palavras inglesas.
Popularmente conhecido como Vitória de Setúbal, é um dos clubes portugueses com mais presenças em campeonatos nacionais, tendo vencido por três vezes a Taça de Portugal e conquistado a primeira edição da Taça da Liga.
Jogadores tão importantes como Jaime Graça, Manuel Fernandes, José Maria, Jacinto João, Guerreiro, Conceição e Victor Baptista, foram, entre outros, grandes figuras do futebol sadino.
De entre vários nomes ilustres, merecem particular destaque, como treinadores, Fernando Vaz, José Maria Pedroto e o seu actual treinador, Manuel Fernandes, que terminou no clube a sua brilhante carreira como jogador.
Aqui fica o registo, com os meus parabéns a um dos clubes que melhor representou Portugal em competições europeias e os votos das maiores felicidades para o futuro.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

ESTÁ MAL, E NÃO SE RECOMENDA...


Passaram mais de 48 horas desde a estrondosa derrota, por 5-0, sofrida pelo Benfica, no Porto.
Já tudo foi dito sobre os erros de Jorge Jesus, sobre o merecimento da vitória portista, sobre a violência, antes, durante e depois do jogo, pelo que tudo o que eu pudesse dizer sobre estes temas seria redundante.
Como benfiquista, o que me preocupa é o verdadeiro terramoto que se seguiu, com sugestões no sentido da substituição do treinador e o desânimo que se apoderou de adeptos, sócios e dirigentes, a ponto de haver quem sugira, quando apenas estão decorridas 10 jornadas, que o Benfica se concentre na conquista do segundo lugar do campeonato e nas restantes provas em que participa.
Por outro lado, preocupa-me o que se passou com Jorge Jesus.
Não pela derrota, nem sequer por terem sido 5-0. Mas pela sua atitude de resignação, como se viu pelo seu semblante, a seguir ao primeiro golo do Porto, pelo medo que demonstrou ter pelo adversário, pela repetição do mesmo erro, táctico, por três vezes.
Jorge Jesus precisa acalmar, reganhar a serenidade, reavaliar tudo o que se passou, tirar as necessárias conclusões, e arrepiar caminho.
Uma equipa que gasta o que o Benfica gastou, em jogadores, na presente época, não pode resignar-se à 10ª jornada.
Os dirigentes de um Clube com a grandeza do Benfica não deveriam, sequer, permitir a resignação de quem quer que seja, até que seja impossível, matematicamente, a conquista do campeonato, quanto mais assumirem, eles próprios, esse estado de espírito.
E é isto que mais me preocupa, não pelo que se passou até agora, mas pelos efeitos, futuros, de tudo aquilo a que temos assistido.
Infelizmente, o Benfica está mal, e não se recomenda...

sábado, 6 de novembro de 2010

VILLAS-BOAS: O SEMEADOR DE VENTOS...


«O Benfica, que se perspectivava na máxima força, super elogiado, o super ataque do Benfica, campeão nacional, que dificilmente alguém pararia chocou contra um grande adversário na Supertaça», acrescentou.
Villas-Boas, que acredita que o FC Porto quer dar um grito de revolta em relação ao que aconteceu na última temporada, onde o Benfica foi campeão, frisou que a sua equipa está motivada.
«Sou um homem que acredita nos valores da transcendência e da motivação. Sem dúvida que naquele dia, naquele balneário houve um grito de revolta que vai continuar. Se pensam que o grito de revolta do FC Porto acabou, ele continua relativamente ao ano passado», concluiu.

(Transcrição de parte da notícia da TSF, na página da Internet http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1704647)

Villas-Boas, como se vê, aprendeu alguma coisa com Mourinho, do qual só aparentemente se tenta distanciar. Imita-lhe o estilo, a pose, e até as declarações.
Claro que não consegue igualar o Mestre, mas esforça-se, o que, convenhamos, para um antigo olheiro do "Special One" não está nada mal...
O grito de revolta de que fala, de preferência antes dos jogos com o Benfica, destina-se, como já se percebeu, a motivar os seus pupilos, mais do que qualquer outra coisa, mas falta-lhe originalidade e cheira a bafio.
Mas se estou enganado, e Villas-Boas fala de revolta porque entende que o Benfica não foi um justo campeão nacional e que não foi a equipa que melhor futebol praticou durante a época, vai sendo tempo de nos dar a conhecer os fundamentos em que se baseia.
Porque se insistir nesta tónica, e atento o seu exíguo curriculum, seja como jogador, seja como treinador, corre o sério risco de vir a ser considerado mais um psicologista de pacotilha, como muitos que por aí andam, coisa que seria péssima para quem demonstra tanta ambição e tem tanto para provar na profissão...
Para começo de carreira, Villas-Boas demonstra exceder, em verbo e ousadia, as qualidades reveladas na profissão, o que talvez não seja o mais recomendável, para quem acabou de se iniciar e parece ainda não ter percebido que a cópia é sempre muito pior do que o original.
Talvez fosse tempo de alguém lhe lembrar que, no futebol, como na vida, apesar de, aos vencedores, quase tudo ser perdoado, "quem semeia ventos, colhe tempestades"...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

GARRINCHA E O SONHO...


Luiz Fernando Bindi é um verdadeiro fã do futebol, "daqueles sujeitos que vai ao estádio até para ver um jogo da Terceira Divisão e sai todo feliz", para usar uma expressão contida na contra-capa do seu livro, "Futebol É Uma Caixinha De Surpresas".
O que me proponho fazer, agora e no futuro, é dar-vos a conhecer algumas passagens desse livro, que constituem outras tantas curiosidades, assim aguçando, que sabe, o vosso apetite por esta obra tão interessante, para quem, como eu, gosta de futebol
Sem mais delongas, passo a citar:

"Ano de 1962, depois da vitória sobre a Inglaterra, o jornalista Mário Filho interpelou o jogador Garrincha, centro das atenções da selecção, e perguntou se ele tinha tido algum sonho antes da partida.
"Sonhei que meu pai me dizia que o Brasil ganharia por 5x0, e com cinco golos meus".
O jornalista então perguntou:
"E o que você achou disso, Garrincha?".
"Achei que meu pai não entende nada de futebol", tornou o jogador.

sábado, 30 de outubro de 2010

"LA MANO DE DIOS" E O "PANTERA NEGRA"


Por estranho que nos possa parecer, a nós, portugueses, existe vida para além do Orçamento Geral do Estado e da crise em que o País está mergulhado.
Pelé, que os brasileiros preferem chamar de "Rei Pelé" celebrou, esta semana, setenta primaveras, enquanto Diego Armando Maradona, "El Pibe", comemorou os seus cinquenta anos.
Tive ocasião de ver, pela primeira vez, o filme "La Mano de Dios" e devo admitir que teve em mim um impacto muito superior ao que eu poderia imaginar.
A vida atribulada de Maradona, o seu envolvimento com a camorra e com o mundo das drogas, gerara em mim uma antipatia pelo craque, em contraste com a admiração pela sua genialidade futebolística.
Acontece que este filme adocicou a minha perspectiva sobre o homem e reforçou a minha admiração pelo pequeno génio argentino.
E os golos de Diego Armando Maradona, autênticas pinturas, em nada desmerecem daqueles que levaram Pelé a ser considerado "Rei", ou Eusébio, o nosso "King", a ser apelidado de "Pantera Negra", bem pelo contrário.
Sem quaisquer considerações de natureza técnica, até porque me falta a competência, devo dizer que se trata de um bom filme, que retrata a vida do ídolo, nos relvados, e de um deslumbrado delinquente, fora deles.
Só que Maradona era, e continua a ser, uma criança num corpo de homem, com tudo o que isto significa, para o melhor e o pior.
O seu apego aos pais, às filhas e aos amigos, mesmo quando falsos, faz-me crer que se trata, afinal, de um homem bom, que a sociedade corrompeu, como defenderia Rousseau.
Mas também não me custa admitir que esta minha perspectiva seja demasiado benévola...
Seduzido pela película, que nunca tinha visto, não pude deixar de lembrar Pelé, mas sobretudo Eusébio, que tiveram a infelicidade de não ter nascido 30 anos mais tarde, para um futebol que gera milhões e deixa a maior parte dos atletas sem tostões, ainda que, um e outro, não tenham razões de queixa.
Mas este filme suscitou-me, também, uma interrogação:
Para quando um filme sobre a vida de Eusébio?
Ainda que a tragédia e o drama vendam mais, como todos sabemos, estou convicto de que não faltaria mercado para um filme sob a vida do "Pantera Negra", que não sendo tão recheada de dramas e contrastes, como a de Maradona, tem, seguramente, episódios suficientemente interessantes para garantirem uma obra de sucesso.
E Eusébio merecia, em vida, essa homenagem!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

COM NUNO GOMES...EM LYON


Daqui a poucas horas, o meu Benfica defronta o Lyon, em mais uma jornada da Liga dos Campeões.
É um jogo da maior importância para a determinação dos dois clubes que passam à fase seguinte e como benfiquista, sem entrar em trivialidades, desejo que o Benfica vença o jogo, se possível, marcando vários golos.
Por isso mesmo, o anúncio de que Nuno Gomes, por quem tenho apreço e admiração, deixará o Benfica no final do seu contrato, não me pareceu ter sido feito em momento adequado, porquanto se trata, mesmo não jogando, do capitão de equipa e de uma das figuras mais influentes do Clube, nas últimas épocas.
Mas enfim, admito que possa estar enganado...
Hoje, os jornais, falam de uma possível saída, já em Janeiro, acrescentando que Nuno Gomes gostaria de regressar, mais tarde, ao Benfica, para integrar a estrutura de futebol profissional, o que é, isso sim, uma boa notícia!
O Benfica precisa de benfiquistas como o Nuno e o que espero, a concretizar-se a sua saída, que não desejo, é que volte depressa, para uma casa que é a sua e que tão bem tem sabido honrar, como atleta e como homem.
Para o Nuno, aqui fica o meu abraço, com votos das maiores felicidades, e o desejo de que esta possa ser mais uma das grandes noites europeias do Glorioso.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

LA SE FOI O "PEDIGREE"...


Na Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal houve mosquitos por cordas, mas o Relatório e Contas relativo ao Exercício 2009/10 lá acabou por ser aprovado, com mais ou menos estalada.
Mas é precisamente nos sopapos que reside a novidade, ou seja, num clube de tão nobres pergaminhos e tão aristocrática origem, as divergências passaram a ser dirimidas, não à bengalada, ou pela via do duelo, como seria natural, mas ao sopapo, como é de costume em clubes de origem mais plebeia, como é o caso do seu vizinho da Segunda Circular.
Ao preferirem a simples bulha ao nobre duelo, alguns associados do clube de Alvalade plebeizaram o mais aristocrático dos clubes de futebol portugueses, talvez influenciados pela proximidade das comemorações do centenário da República, colocando-o, em matéria de resolução de conflitos, ao nível daqueles onde as divergências se resolvem pela via dos ancestrais hábitos plebeus do povo da bola.
E eu, que apesar de republicano nutro simpatia pelos resistentes defensores da causa monárquica, vi com tristeza a destruição do que restava do "pedigree" leonino, e das boas maneiras que o acompanhavam.
Decididamente, a tradição já não é o que era...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SEM CONSELHO, NEM JUSTIÇA


Acabo de tomar conhecimento que o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol tomou a decisão de se demitir, em bloco.
Na base desta decisão terá estado o facto de a Federação se encontrar em situação de ilegalidade, por não ter adequado os seus estatutos, no prazo legalmente previsto, ás exigências do Regime Jurídico das Federações.
É caso para dizer, atento o motivo, que bem podiam ter-se demitido mais cedo, porquanto a situação de ilegalidade se arrasta à vários meses, mas não é menos verdade que, tal como diz o povo, mais vale tarde do que nunca.
O processo eleitoral, federativo, que se avizinha, promete fazer correr muita tinta, mas seria desejável que pudéssemos assistir a um profundo processo de remodelação dos dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol, como ficou demonstrado pelo modo como decorreu o designado "Caso Queirós".
Sucede que o futebol português, quando se trata de escolher dirigentes, é uma caixinha de surpresas, raramente agradáveis, pelo que nos resta desejar que desta vez possa ser diferente e continuar a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

GRANDE DEFESA DE BAÍA !


De Vítor Baía conheço, apenas, a sua notável carreira como jogador de futebol.
A sua passagem a dirigente do clube que o notabilizou como jogador, e de que é adepto, foi curta, e a sua saída, a meu ver, muito mal explicada, pelo que não me é possível ter opinião sobre as suas qualidades, como dirigente. Mas, enfim, isso são outros vinte cinco tostões, ou, como diria a minha avó, não são contas do meu rosário...
Quando, recentemente, Vítor Baía admitiu a possibilidade de se candidatar à presidência da Federação Portuguesa de Futebol, encarei a notícia com algum cepticismo, não pela sua pessoa, que me merece simpatia, mas pelas suas ligações ao Futebol Clube do Porto e ao que isso poderia, eventualmente, representar...
Dito isto, foi com agradável surpresa que li a entrevista que concedeu ao DN Desporto, a propósito das eleições na Federação e da situação de ilegalidade em que esta se encontra.
Vítor Baía sabe do que fala, e é muito importante que vozes como a sua alertem para a necessidade de se repor, urgentemente, a legalidade.
Afirmando que, "basta observar que os dirigentes das principais associações, que à luz dos actuais estatutos são preponderantes na eleição da direcção da FPF, estavam na Islândia com a selecção nacional", Vítor Baía concluí estar eminente a recandidatura de Gilberto Madaíl, que designa como uma "aposta na continuidade de quem manda no futebol português".
Cordato e cauteloso, Baía recusou pronunciar-se sobre essa possibilidade, mas as suas palavras não deixam margem para dúvidas quanto ao desagrado com que encara essa recandidatura.
Sendo politicamente correcto, como convém a um futuro candidato, o ex-guarda-redes portista não deixou de realçar que "o futebol irá continuar na ilegalidade", e que, "sem a revisão dos estatutos não há hipótese de fazer o que quer que seja pelo futebol português".
Quem, como eu, gosta de futebol, não pode ficar indiferente a esta entrevista de Baía, e congratular-se com a posição que assumiu. Pena é que, outras destacadas figuras do futebol nacional não lhe sigam o exemplo...
Contudo, gostaria de ver Vítor Baía ir mais longe e dizer-nos o que pensa sobre o estado actual do futebol português e quais as alterações que considera necessárias. Com, ou sem, candidatura à presidência.
Por último, e ainda a propósito da entrevista, os meus parabéns pela forma desassombrada como se referiu aos jogadores que representaram a selecção nacional, acusando-os de não terem sabido honrar a camisola de Portugal, nos jogos com a Noruega e Chipre.
Algumas situações, mesmo sendo óbvias, assumem outra importância quando tratadas por quem tem autoridade e prestígio, como é o caso de Vítor Baía.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O CAMPEONATO DOS PENALTIS...


Devo começar por confessar que faço parte daqueles que acreditam em coincidências, desde que não sejam em demasia.
E é justamente porque as coincidências começam a ser demasiadas que sou levado a pensar que algo de muito errado se está a passar com a arbitragem portuguesa.
Afinal, o que será que é preciso acontecer para que as faltas, grosseiras, de jogadores do FCPorto, na sua grande área, sejam sancionadas com grande penalidade?
Ontem, em Guimarães, foi mais um "descuido" da equipa de arbitragem, beneficiando, claro está, os suspeitos do costume...
Admitindo que o árbitro não tenha visto, por se encontrar longe da jogada, o mesmo não pode dizer-se do árbitro auxiliar, porquanto, se não viu aquele agarrar de camisola, por parte de Fucile, não reúne condições para exercer a função, por miopia, qualificada.
E se viu, também não reúne, por falta de coragem, para não lhe chamar outra coisa...
Mas se este tivesse sido um caso isolado, esta época, impunha-se que se desse o benefício da dúvida ás equipas de arbitragem, só que este é o quarto, ou quinto, penalti não assinalado, esta época, contra o FCPorto, e ainda só vamos na sétima jornada.
Sem contar com os penaltis mal assinalados, em benefício dos azuis e brancos...
Acontece, porém, que, também em matéria disciplinar, a bota não anda a jogar com a perdigota.
Javi Garcia, do SLBenfica foi punido, com um cartão amarelo, por se dirigir, ainda que de forma cordata, como demonstram as imagens televisivas, a um árbitro auxiliar, enquanto que Hulk, Falcão, e Varela, apenas para citar estes três, tendo procedido do mesmo modo, não sofreram qualquer sanção disciplinar.
Na época passada, para justificarem o seu insucesso desportivo, os dirigentes do FCPorto, com destaque para o seu presidente, designavam o campeonato como "o campeonato dos túneis".
Esta época, e a procissão ainda vai no adro, existem motivos, de sobra, para que a competição possa ser designada como "o campeonato dos penaltis".
Em matéria de arbitragens, com o favorecimento dos suspeitos do costume, a coisa começou mal, muito mal!
Faço votos para que não se prolongue...

sábado, 2 de outubro de 2010

O FLAMENGO E O FUTEBOL BRASILEIRO


Para que não restem dúvidas, sou português, e as minhas simpatias, no que diz respeito ao futebol brasileiro, vão para o Vasco e a Portuguesa, embora saiba que são muitos os portugueses que torcem pelo Flamengo.
Desde há alguns anos que procuro acompanhar a evolução do futebol brasileiro, não só pela ligação afectiva ao país, mas também porque são muitos os jogadores, oriundos do Brasil, que jogam em equipas portuguesas.
Até porque se trata do campeão da época passada, tenho seguido, com atenção, a difícil situação que se vive no Flamengo, que corre o sério risco de descer de divisão, apesar de já ter trocado duas vezes de treinador, esta época.
E devo dizer que, aquilo a que tenho assistido, nestes últimos dias, é, a meu ver, absolutamente inqualificável.
Desde a autorização concedida a membros das claques para interpelarem jogadores, e terem uma reunião, no balneário, com a equipa, até ao pedido de demissão de Zico, uma das grandes figuras do clube, contratado em Junho para Director Executivo, tudo parece não passar de um enorme somatório de equívocos e falta de liderança.
Pelo meio, as repetidas notícias sobre o possível despedimento de Silas, treinador contratado há um mês, cuja autoridade tem sido, permanentemente, posta em causa.
Salvo melhor opinião, e com o devido respeito, tanto mais que sou estrangeiro e nem sequer sou adepto do Flamengo, o que se está a passar merece uma análise muito séria, sob diversos pontos de vista, não só por parte dos adeptos flamenguistas, mas de todos os brasileiros que amam o futebol.
Num campeonato que tem dois jogos por semana, com longas deslocações, em que os treinadores mal têm tempo para conversar com os jogadores, quanto mais para treinar, será sério pretender despedir um treinador, ao fim de um mês de trabalho?
E será aceitável que, num clube profissional, representantes das claques, por maior que seja o seu número e o envolvimento com a equipa, sejam autorizados a pedir explicações ao jogadores, chegando ao cúmulo de se autorizar a sua presença no balneário?
Que papel reclamam para si, dirigentes e equipas técnicas, quando autorizam, ou não reagem, a intromissão dos adeptos na sua esfera de competência?
E como entender alguma imprensa desportiva, quando dá voz a estas situações, sem ter o cuidado de fazer uma análise, crítica, das suas consequências?
Na minha modesta opinião, a situação no Flamengo é o paradigma do que não se deve fazer, num clube de futebol profissional, em matéria de autoridade e gestão desportiva, e seria importante, para bem do futebol brasileiro, que se fizesse uma análise, crítica, deste processo.
A 11 jornadas do fim e a 4 pontos da chamada "zona de rebaixamento", até pode ser que o Flamengo acabe por se manter na Série A do Campeonato Brasileiro, mas este processo veio provar que o comportamento da sua equipa dirigente não a recomenda, nem para liderar uma equipa de amadores.
Sem qualquer desprimor para com a presidente do clube, Patrícia Amorim, prestigiada figura da natação brasileira, a qual me parece ser mais vítima do que culpada...

domingo, 26 de setembro de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Propício tomava o seu café, quando entrou Segundo, com ar de quem estava muito arreliado:
-Então homem, que ar é esse? Deixa lá isso, foi só mais um jogo. Além disso, já devias estar habituado, atirou, com ar trocista.
-Deixa-te de graças, Propício, que eu hoje não estou nos meus melhores dias.
-Imagino, o teu Sporting só te dá tristezas. Não há meio de acertarem o passo e, pelo andar da carruagem, parece-me que ainda não será desta.
-Lá isso é verdade, mas olha que pelo facto de o teu Porto ter começado bem, também não é motivo para deitares foguetes antes da festa. O campeonato é longo...
-Pois sim, mas candeia que vai à frente, alumia duas vezes, retorquiu Propício.
Estavam neste diálogo quando entrou Benedito, que, ao ouvir o final da conversa, não resistiu:
-Não alumia duas não, no caso do Porto alumia quatro, que são as vezes em que foi beneficiado pelas arbitragens, em apenas seis jogos.
-Pronto, lá tinha que vir à baila a conversa das arbitragens, reagiu Propício.
-Claro que tinha e continuará a vir, para nunca te esqueceres do modo como o Porto conseguiu os nove pontos de avanço sobre o Benfica. É o Porto a ser beneficiado e o Benfica a ser prejudicado, de forma escandalosa.
Desta vez foi mais um penalti, claríssimo, que ficou por assinalar...
-Se ficas satisfeito com isso, assim seja. A verdade é que são nove pontos de diferença. O resto é conversa, atirou Propício, como que pretendendo terminar a conversa.
-Pois são, mas tudo isto é uma vergonha. Mesmo acreditando, e eu quero acreditar, que os árbitros não erram de propósito, a verdade é que se torna incompreensível a diferença de critérios existente. E não me refiro, apenas, à questão dos penaltis, falo também dos critérios disciplinares. Uma vergonha, rematou Benedito.
Propício, que queria mudar de conversa, já que as questões da arbitragem o deixavam, francamente, agastado, perguntou:
-O que é feito do Benigno, que não apareceu?
-Sei que ele aproveitou a ida ao Continente para ir ver o Braga, na Sexta, e era para ter regressado hoje. Mas, até agora, não deu notícias, esclareceu Segundo.
-Vá lá, pelo menos escolheu bem o jogo, já que o Braga ganhou, ironizou Benedito.
-Bem, e se jogássemos às moedas, para ver quem paga os cafés, sugeriu Propício, que não pretendia ver retomado o tema do futebol.
-Vamos a isso, que eu estou a precisar de melhorar a disposição, anuiu Segundo.
-Ou piorar, reagiu, trocista, Benedito.
E lá ficaram, mãos estendidas, fazendo os pedidos, num jogo à melhor de três...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

DO MESSIANISMO À TRANQUILIDADE...


Depois de mais uma novela, em que a nossa Federação tem sido fértil, lá foi anunciado o nome do novo seleccionador nacional: Paulo Bento.
Sobre o processo Queirós, já aqui escrevi o que penso, pelo que apenas acrescento que estes senhores saíram, todos eles, muito mal na fotografia.
Quanto ao processo Mourinho, se o assunto não fosse sério, só dava mesmo para rir. E à gargalhada!
Só lamento que Mourinho tenha, sequer, considerado a possibilidade de poder ser seleccionador nacional por, apenas, dois jogos...
Mas o processo teve o mérito de confirmar, para quem tivesse dúvidas, que o messianismo continua bem presente em alguns sectores da sociedade portuguesa, restando saber se Mourinho chegaria, ou não, a Portugal, montado num cavalo branco, a condizer com as cores do Real Madrid...
Já quanto à escolha de Paulo Bento, a quem aproveito para desejar as maiores felicidades no cargo, confesso a minha surpresa.
Como diria um amigo meu, nem sim, nem não, antes pelo contrário...
Uma escolha que começou com um processo nada tranquilo e que todos esperamos que possa conduzir a um apuramento para o Europeu, "com tranquilidade".

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SOBRE O COMUNICADO DO PLENÁRIO DOS ÓRGÃOS SOCIAIS DO SPORT LISBOA E BENFICA


Ainda se fazem sentir os efeitos do comunicado emitido na sequência da reunião plenária dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica.
Globalmente, a posição assumida merece o meu acordo e resta-me esperar que possa ter o efeito desejado.
Neste contexto, gostaria de fazer uma chamada de atenção para os seguintes aspectos:

1. Vandalismo e Violência

É tempo de se tomarem medidas, sérias, para acabar com os actos de vandalismo provocados pelas claques dos clubes, não sendo aceitável que, quando não se conseguem evitar os incidentes, não sejam identificados os culpados e punidos de forma exemplar.
O Benfica agiu bem ao dar a devida relevância a este facto, agora que a época está no seu início.
Durante o jogo do FC Porto com o SC Braga, voltaram a ser arremessadas bolas de golfe para o relvado, prática, ao que julgo saber, iniciada quando do jogo contra o Benfica, na época passada, no mesmo estádio.
Vai ser interessante vermos qual a acção disciplinar da Liga de Clubes, relativamente a estes incidentes, não sendo aceitáveis desculpas como a da dificuldade em evitar a sua entrada no recinto.

2. Arbitragens

Tendo, embora, a maior relutância em admitir que as equipas de arbitragem erram de forma propositada, a verdade é que são vários os casos conhecidos de manipulação de resultados.
E embora acredite em coincidências, quando elas são excessivas está aberto o caminho para a dúvida e a desconfiança.
E é inegável que, em apenas quatro jornadas, os erros de arbitragem, em desfavor do Benfica são demasiados, dando-se a coincidência, ou não, de situações semelhantes serem julgadas com critérios distintos, nos jogos que envolvem os seus adversários directos.
Fez bem o Benfica, ao evidenciar este facto e pedir explicações ao responsável pelas nomeações dos árbitros, Sr Victor Pereira, mas atendendo à importância deste assunto, não se entende por que motivo não foram pedidas, também, explicações ao Presidente da Liga de Clubes de Futebol Profissional.

3. Olivedesportos, Jogos Fora do Estádio da Luz e Taça da Liga

Se interpretei bem, as três recomendações do Plenário têm a mesma finalidade: demonstrar que podem existir consequências financeiras, para terceiros, caso se mantenha esta infeliz sequência de casos de arbitragem, em prejuízo do Benfica.
Parece-me a mais eficaz de todas as medidas.
O Benfica tem que utilizar, de forma legítima, naturalmente, o poder de que dispõe, para fazer valer os seus direitos.
E nada melhor do que o efeito financeiro para fazer pensar duas vezes quem, eventualmente, possa estar disposto a embarcar numa campanha para prejudicar o Clube.
É claro que seria bom que os sócios e simpatizantes pudessem dar sequência, pelo menos durante algumas jornadas, ao pedido que foi feito, mas mesmo que tal não suceda, fica o aviso.
Em matéria de participação na Taça da Liga, e atentas outras considerações, estou convicto de que o recurso à equipa de juniores do Clube permitiria atingir o objectivo pretendido.

4. Secretário de Estado do Desporto

Parece-me claro que, desde o célebre caso Nuno Assis, o relacionamento entre o Presidente do Benfica e o Dr Laurentino Dias azedou, e muito.
E tudo o que se passou em volta do caso Queirós não contribuiu, decerto, para o apaziguamento desse conflito.
Salvo melhor opinião, não esteve bem o Plenário ao considerar o Secretário de Estado "persona non grata", tanto mais que os motivos invocados são da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol, e não da tutela.
Por maiores e mais justificados que sejam os motivos, entendo que a grandeza do Benfica não é compatível com a abertura de conflitos institucionais com representantes de Órgãos de Soberania, tudo devendo ser feito para que eventuais divergências sejam dirimidas em sede própria.
Quero ainda acrescentar que estranhei o facto de o Plenário não ter tomado posição relativamente à situação irregular em que se encontra a Federação Portuguesa de Futebol, em consequência da qual a Comissão Disciplinar continua integrada na Liga de Clubes, num claro desrespeito pela legislação em vigor.

A terminar, cumpre-me afirmar que, como benfiquista, me solidarizo com a posição assumida pelo Plenário dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica, mas não entendo porque foram poupados, no conjunto das críticas e pedidos de responsabilidades, os presidentes da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol.
Resta-me desejar que esta fase menos positiva possa ser, rapidamente, ultrapassada e que comportamentos exteriores não influenciem a prestação desportiva da nossa equipa de futebol profissional, nem a lucidez dos nossos dirigentes e equipa técnica, na avaliação das diferentes situações.

domingo, 12 de setembro de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Propício sentia-se particularmente bem disposto. Uma boa disposição que tinha muito que ver com a situação de vantagem em que se encontrava o seu FC Porto, perante os mais directos adversários, no campeonato nacional de futebol, coisa que já não sucedia há muito tempo e que nem ele acreditaria, se alguém lho tivesse ousado sugerir, no início da prova.
Foi o primeiro a chegar ao Peter's, e tomava o seu café com um sorriso nos lábios, assistindo à chegada dos seus amigos.
Benigno foi o primeiro, e antecipando qualquer piada de Propício, disparou:
-Bom dia, Propício. Parabéns! Imagino que estejas de papo cheio...
-Bom dia Benigno. Obrigado.De papo cheio não estou, mas que sabe muito bem estar em primeiro, com uma boa vantagem sobre os adversários, é verdade. Ontem foi o teu Braga, acontece...
-Sim, mas tem cuidado, não embandeires em arco que ainda é cedo...
Entretanto, Segundo tinha-se abeirado da mesa:
-Ora muito bom dia. Imagino que futebol seja o tema da conversa...
Propício, sorriu, respondendo-lhe:
-Bom dia Segundo, imaginas muito bem, para teu desgosto. O teu Sporting voltou a encostar, mas também não é nada a que não estejas habituado...
-Olha, nem quero falar disso. até porque, confesso, me irrita a situação que se vive no Sporting. Prefiro falar de outras coisas...
Entretanto, chegara Benedito, de rosto carregado, bem demonstrativo de que a sua disposição não era a melhor:
-Bom dia, meus senhores. Como já percebi que o tema é futebol, e para que não fiquem dúvidas, começo por dizer que estou furioso e sem disposição para grandes conversas.
Aqui o Propício deve estar radiante, e tem motivos para isso, mas eu não.
Mas acrescento que não vale a pena começarem as comemorações, como se já tivessem ganho o campeonato, como fez o Vilas Boas, no final do jogo de ontem, porque a procissão ainda vai no adro...
-Ora muito bom dia para ti, também, ripostou Propício. Muito bem, excelente entrada. Acabaste de fazer jus à tese de que o ataque é a melhor defesa.
Mas eu poupo-te e declaro a minha disponibilidade para mudar de tema, se isso puder contribuir para melhorar a tua disposição...
-Que simpatia, muito obrigado. Só que quando a esmola é muita, o pobre desconfia, e quer-me parecer que estás a querer evitar que eu fale da pouca vergonha que têm sido as arbitragens, que muito têm a ajudado o teu clube a ganhar avanço sobre os concorrentes.
E, sem se deter, acrescentou:
-Não que eu desculpe tudo o que se está a passar no Benfica com as arbitragens, mas também não sou ingénuo e já percebi que, nessa matéria, vocês começaram cedo, e bem, este ano.
-Já cá faltavam as arbitragens, atirou Propício.
-Não te faças de anjinho, porque te tenho na conta de um homem sério, e sabes bem que, neste início de campeonato, o Benfica tem sido muito prejudicado pelas arbitragens, o mesmo não se podendo dizer do teu clube. Bem pelo contrário...
-Isso mesmo, agora queixa-te das arbitragens que vais no bom caminho.
Não fales do Roberto, do César Peixoto, do erros do Jesus, que não vale a pena, ironizou Propício.
Benigno, que percebeu que a conversa estava a tomar um rumo que em nada contribuiria para a um clima de boa disposição entre eles, interveio:
-Bem, amigos, chega de bola. O que me dizem à aprovação, pelo Governo da República, da proposta do Governo Regional para alteração do valor das tarifas promocionais, das viagens para o Continente, para valores inferiores a cem euros?
-Ora aí está uma boa notícia, reagiu Segundo, coisa rara nos dias que correm. Resta ver o que dirá a União Europeia, que tem a última palavra, sobre o assunto...
E lá continuaram à conversa, em torno das medidas necessárias para assegurar uma maior aproximação entre os Açores e o Continente, e melhorar as condições de vida da população do arquipélago...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PREOCUPANTE...


O Benfica perdeu mais um jogo, desta vez em Guimarães, e voltou a sofrer dois golos.
A equipa tem, a meu ver, demasiados momentos de nervosismo e apatia, a que acresce o facto de alguns jogadores estarem, claramente, num mau momento de forma.
Por outro lado, e num plantel onde não faltam opções, Jorge Jesus continua a insistir na utilização de alguns jogadores cujo rendimento está muito longe do desejável, como sucedeu com César Peixoto, que perdeu a bola para o segundo golo do Guimarães.
Devo, aliás, confessar que não consigo entender por que motivo Jorge Jesus insiste em utilizar César Peixoto, embora não ignore que, como costumam dizer os entendidos, ele é quem treina os jogadores e lá saberá os motivos da escolha. Enfim...
O facto é que a equipa do Benfica parece demasiado nervosa, insegura, e apesar do inquestionável valor das novas contratações, continua a sentir demasiado as ausências de Di Maria e Ramires.
Dito isto, há que reconhecer que, se o Benfica está a ter um início de campeonato desastroso, o mesmo se pode dizer da arbitragem portuguesa.
O Benfica voltou a ser muito prejudicado pela arbitragem e a actuação do árbitro Benquerença, e dos seus auxiliares, mais pareceu uma malquerença contra os vermelhos, quer pelas grande penalidades que ficaram por marcar, sobre Aimar e Carlos Martins, quer pela falta de critério na exibição de cartões amarelos.
E se a isto juntarmos dois foras-de-jogo mal assinalados, um deles que deu golo e cartão amarelo a Cardozo, em situações que deixavam isolados os jogadores do Benfica, fica mais fácil entender o resultado do jogo.
Convenhamos que, para quatro jornadas, são demasiados os erros, grosseiros, de arbitragem, em jogos do Benfica, o que está longe de ser um bom prenúncio...
Mas se é verdade que o Benfica tem séria razões de queixa das arbitragens, não é menos verdade que Jorge Jesus terá de reflectir sobre este preocupante início de época, e tomar as medidas adequadas.
É que a situação começa a ser, no mínimo, preocupante...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O FIM DE UMA EMBÓFIA...



Como era de esperar, a Direcção da Federação Portuguesa de Futebol demitiu Carlos Queirós.
Interessante, merecendo ser realçado, foi o facto de os dirigentes federativos terem sentido necessidade de explicarem o que queriam dizer no comunicado de 14 de Julho, a propósito do comportamento da selecção no Mundial da África do Sul, podendo ler-se, no comunicado de hoje:

"Não dizemos nem dissemos que cumpriu os objectivos. Cumpriu dois dos objectivos.
Esses dois objectivos foram:
Por um lado, a qualificação para a fase final da prova (a sexta presença consecutiva nas grandes competições internacionais) e, por outro, o apuramento para a fase a eliminar.
Dissemos no dia 14 de Julho e voltamos a afirmar que o resultado fica aquém do que todos ambicionavam mas que foram cumpridos os objectivos mínimos".


Eu, perplexo, limito-me a perguntar por que motivo a Federação pagou um prémio ao seleccionador, se não foram cumpridos os objectivos?
Mas mais do que discutir esta questão, o que nos levaria muito longe, sem qualquer resultado prático, o importante é que se realce o facto de este comunicado, finalmente, deixar claro o motivo que esteve na base da rábula a que temos vindo a assistir, em torno do seleccionador nacional.
A Direcção da Federação Portuguesa de Futebol sempre quis despedir Carlos Queirós, por insatisfação com os resultados desportivos, apesar de ter aceite, contratualmente, pagar-lhe um prémio de apuramento, tendo feito tudo o que estava ao seu alcance para evitar o pagamento correspondente à indemnização por despedimento, sem justa causa.
Se o fez, ou não, em articulação com o CNAD e o Secretário de Estado do Desporto, é uma outra questão, que permanece, mas o comunicado lido por Gilberto Madaíl não deixa dúvidas.
A única boa notícia é a da decisão de solicitar, ao Presidente da Assembleia Geral da FPF, a marcação de uma assembleia geral, para eleição de novos órgãos sociais.
Pena é que esse pedido não consubstancie uma demissão, porque, se é verdade que a Direcção se mantém "com plenos poderes e continuará a trabalhar como até aqui, tendo total autoridade para exercer as respectivas funções estatutárias", não é menos verdade que lhe falta a legitimidade moral para continuar em funções...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

QUAL CRISE? CATÁSTROFE!


Depois de ter empatado, em casa, contra Chipre, sofrendo quatro golos, a selecção nacional acaba de perder com a Noruega, por 1-0.
Mais do que a pobre exibição da equipa portuguesa, estes dois jogos chegaram para demonstrar a incapacidade de Agostinho Oliveira para comandar, mesmo que interinamente, a selecção nacional.
É incompreensível que Agostinho Oliveira não tenha percebido, ainda durante a primeira parte, que a equipa portuguesa estava a ser completamente inoperante, revelando uma confrangedora falta de objectividade, e decidido agir em conformidade...
A verdade é que, a situação em que se encontra a equipa técnica da selecção, que não pode servir para justificar tudo o que se passou nestes dois jogos, é inaceitável, seja qual for a perspectiva pela qual se pretenda analisar o problema, tornando-se imperioso encontrar uma solução definitiva.
Mas a responsabilização por tudo o que se tem passado, desde o regresso da África do Sul, tem de começar pela direcção da Federação Portuguesa de Futebol, e pelo seu presidente, a quem deveria exigir-se a demissão, imediata, e a marcação de eleições.
É que, ao contrário do que vem sendo dito, a situação não é de crise, mas de catástrofe, com os dirigentes federativos a demonstrarem, de forma evidente, a sua incapacidade para continuarem a liderar o futebol português.

MAIS VALE TARDE...


Foi constituída, ontem, no Campus da Justiça de Lisboa, uma Comissão para a Justiça Desportiva, presidida pelo juiz José Manuel Cardoso da Costa, a qual deverá apresentar, no prazo de 3 meses, soluções para o fenómeno jurídico desportivo, tendentes à criação do Tribunal Arbitral de Desporto.
Espera-se, agora, que a comissão possa apresentar, o mais brevemente possível, o resultado das suas reflexões e que o prazo estabelecido não venha a ser prolongado indefinidamente...
Não posso deixar de saudar a iniciativa, que apenas peca por tardia, fazendo votos para que este possa ser o início de um processo tendente a trazer alguma normalidade a uma das áreas mais polémicas, e maltratadas, do desporto português, com particular destaque para o futebol profissional.
Esta é, sem dúvida, uma das situações em que tem plena aplicação o ditado popular:
Mais vale tarde do que nunca!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E AGORA?


Na página da Internet do Jornal de Notícias está a notícia do despedimento do seleccionador nacional de futebol, Carlos Queirós, cujo primeiro parágrafo abaixo reproduzo:

"A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai alegar justa causa para despedir o seleccionador Carlos Queiroz, caso este volte a ser punido pelo Conselho de Disciplina (CD), como tudo o indica, sentença a ser dada durante este mês de Setembro."
( http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1652395 )

Aparentemente, e em tudo o que se relaciona com este caso parece existir uma enorme diferença entre o que é dito pelas partes e as motivações que lhe estão subjacentes, os seis meses de suspensão, aplicados pela Autoridade Antidopagem de Portugal, não serão o motivo do despedimento, mas sim as duas queixas apresentadas, por Amândio de Carvalho e pela direcção da Federação, contra o seleccionador nacional.
Ninguém duvida que este é um caso de desfecho anunciado, restando saber se o despedimento do seleccionador se faz pela via de um acordo, ou se o processo irá arrastar-se pelos tribunais.
Seja como for, o facto é que Queirós já não é, na prática, o seleccionador nacional, e não tem condições para voltar a ocupar o cargo, depois da suspensão que lhe foi aplicada.
Consideremos, pois, arrumada a questão da permanência do seleccionador.
Depois de todo este lamentável espectáculo a que temos assistido, será que ainda alguém defende a permanência em funções da actual direcção da Federação?
Tem, a actual direcção da Federação, a credibilidade mínima necessária à sua permanência no cargo?
Salvo melhor opinião, penso que a resposta a estas duas perguntas só pode ser um rotundo não, pelo que é urgente a marcação de eleições para a Federação Portuguesa de Futebol.
Até porque, depois de tudo o que se passou, os actuais dirigentes deixaram de ter legitimidade, moral, para escolherem um novo seleccionador.
Isto para não falar da vergonha que é a perda do estatuto de utilidade pública desportiva, que a ninguém parece preocupar, incluindo o Secretário de Estado do Desporto.
Mas também seria interessante conhecermos o que pensa, sobre todo este processo, o Presidente da Liga de Clubes de Futebol Profissional.
Será que concorda com a entrega dos destinos da selecção nacional de futebol nas mãos de representantes das Associações distritais, que representam o futebol amador?
Considera o dr.Fernando Gomes, presidente da Liga, que a representação federativa, junto da selecção nacional, fica bem entregue ao vice-presidente, dr. Amândio de Carvalho?
Será que, o dr. Fernando Gomes, que ocupa, por inerência, um lugar na direcção da Federação, não deveria vir dizer-nos o que pensam os representantes do futebol profissional de toda esta situação?
Não tenho, infelizmente, a ilusão de pensar que a Liga venha a assumir uma posição pública sobre este assunto, mas não duvido que ela era necessária e era devida.
Até porque considero que, entregar a responsabilidade dos destinos da selecção nacional de futebol a um grupo de dirigentes amadores não parece, no contexto do futebol actual, fazer qualquer sentido.
Mas não deixa de ser curioso que os representantes do futebol profissional não pareçam estar preocupados com este assunto e não se sintam obrigados a expressar o seu entendimento sobre matéria tão importante.
Decerto que existem, subjacentes a toda esta problemática, muitas e boas razões que justificam o comportamento das partes.
Resta-nos esperar que, relativamente à esmagadora maioria dessas razões, a Razão não as desconheça...

À MESA, NO PETER'S...


O fim-de-semana desportivo decorrera sem grandes novidades e a boa disposição entre o grupo de amigos era evidente.
O tema do dia era, naturalmente, o facto de Roberto ter defendido um penalti, já que a transferência de Meireles era mais do que esperada, não sendo o que se pode considerar uma novidade a sua ida para o Manchester United.
Benedito, visivelmente bem disposto, comentava:
- Para vos dizer a verdade, já nem sei se foi bom o homem ter defendido o penalti. Agora é que o meu Benfica vai acabar por ficar com ele, e não vamos ter um guarda-redes de categoria, para atacarmos a Liga dos Campeões.
- Ainda bem! Por mim , o Benfica deve manter o Roberto na baliza, por muitos e bons anos, reagiu, trocista, Segundo, enquanto piscava o olho a Propício.
- Eu sei que sim, mas não se deixem enganar. Basta o Benfica voltar ao ritmo do ano passado que, mesmo com problemas na baliza, temos equipa para renovarmos o título nacional. Na Liga dos Campeões é que a coisa fia mais fino.
- Vejo que voltaste a recuperar a confiança, atirou-lhe Propício. Isso é que é fé, sim senhor.
- Não recuperei porque nunca deixei de ter, mas é lógico que vencer o Setúbal, jogando com 10 jogadores durante 65 minutos e marcando dois golos nesse período, é motivo para os benfiquistas estarem satisfeitos. E é um claro aviso aos adversários para que se cuidem.
- Mas, meus caros, agora vem aí uma paragem, por causa dos jogos da selecção, pelo que o melhor é aguardarmos, e abrirmos uma trégua futebolista, sugeriu Benigno.
O que é que vocês me dizem do navegador solitário, brasileiro, que foi salvo por uma embarcação de pesca, ao largo de São Miguel ?
- Estava com uma avaria no leme do veleiro, acrescentou Segundo. Acabou por ter muita sorte!
E lá ficaram a comentar as incidências associadas ao caso…

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Era evidente a boa disposição naquela mesa.
Benigno, normalmente calmo e conciliador, era o mais agitado, consequência do apuramento do seu Sporting Clube de Braga, para a fase final da Liga dos Campeões.
- Vocês estão sempre com essa conversa de serem os maiores mas, vai-se ver, e os maiores somos nós. Um orçamento baixo, salários em dia, equipa arrumada, e a época mal começou e já obtivemos as receitas previstas para o ano. Tudo o resto é conversa!
- Pronto, tens a taça, respondeu Propício, cuja felicidade pelo modo como o seu Futebol Clube do Porto iniciou a época era evidente. O pior é quando tiverem que compatibilizar a participação na Liga dos Campeões, com a Liga Portuguesa...
- Pois, já sei, já sei, a conversa do costume. Mas não te preocupes, que nós saberemos como lidar com a situação. Uma coisa de cada vez. E este apuramento ninguém nos tira.
- Já te disse, tens a taça e não se fala mais nisso.
- O Braga esteve muito bem, isso é verdade. Estão de parabéns. Não é qualquer um que vai ganhar a Sevilha, observou Segundo.
Mas vocês têm que concordar que o meu Sporting também esteve muito bem. Bem sei que o Brondby não é grande equipa, mas depois de perder 2-0 em casa, ir ganhar fora 3-0 não só foi um grande resultado, como é muito moralizador para a equipa e para os adeptos.
- Estiveram bem, não há dúvida, concordou Propício. Agora vamos ver o que nos calha no sorteio, mas não deve ser complicado, já que somos cabeças-de-série.
Claro que para o meu Porto é igual. Venha quem vier, a vitória é certa, mas enfim, se for mais fraco sempre dá para pouparmos alguns jogadores, como fizemos ontem.
- Cuidado com as fanfarronices, avisou Benigno.
- Por falar em fanfarronices, o Benedito está muito calado. Já venderam o Roberto?
- Já cá faltava a conversa do Roberto. Não se importam de continuarem a desfrutar esse vosso momento de felicidade e deixar o Benfica em paz?
Estão todos de parabéns, têm motivo para isso, aproveitem enquanto dura e esqueçam o Benfica.
- Não te aborreças, Benedito. Sabes que a rapaziada gosta de puxar por ti, interveio Benigno.
- Eu sei que sim, mas essa coisa do Roberto já chateia. Ou julgas que eu estou satisfeito com a situação? É um verdadeiro bico-de-obra que o Benfica ali tem...
- Olha, deixa lá isso. Vamos a uma pescaria neste fim-de-semana?
E virando-se para os amigos, Benigno desafiou: Vamos apanhar um atum patudo?
O tema da conversa mudou, de imediato, e começaram a acertar o dia e o melhor horário para se dedicarem a um dos seus desportos favoritos...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PORTUGUÊS, Ó MALMEQUER...


Cronologicamente, de forma simplificada, a novela que envolve o seleccionador nacional de futebol, Carlos Queirós, pode ser descrita do seguinte modo:

1. Portugal teve uma prestação no Campeonato do Mundo, na África do Sul, condizente com a qualidade do nosso futebol, mas inferior ás expectativas de muitos dirigentes e comentadores.
2. No regresso a casa, a Federação Portuguesa de Futebol considerou a prestação portuguesa como boa e pagou ao seleccionador o prémio contratualmente previsto, pela passagem à fase seguinte da competição.
3. Só que vários dirigentes, federativos e não só, (todos? alguns? vá lá saber-se...), o que desejavam, no íntimo, era verem-se livres de Carlos Queirós, sem lhe pagarem a indemnização contratual, prática que muitos trabalhadores deste país bem conhecem, existindo, apenas, a pequena maçada de terem que encontrar justa causa para o despedimento.
4. Sucede que, a Autoridade Antidopagem decidiu, durante o estágio da selecção, na Covilhã, iniciar um controlo ás 7 da manhã, quando os jogadores ainda estavam a descansar, o que não terá agradado ao seleccionador nacional.
5. E porque estivesse com os azeites, entendesse que a culpa era da senhora, ou por um qualquer outro motivo, Carlos Queirós terá mandado um dos elementos da brigada, aparentemente o seu presidente, Luís Horta, fazer uma visita à senhora sua mãe.
Só que o fez em linguagem mais condizente com a dos trabalhadores da estiva, quando querem mandar um homem à fava...
6. Horta, para quem o uso de palavrões tem o efeito de lhe recordar os tempos em que andava na escola, de bibe imaculadamente branco, foi fazer queixinhas ao Conselho Nacional de Antidopagem, do qual, por coincidência, é presidente.
7. Os membros do CNAD, figuras do meio desportivo, médico e governamental, cujo aparelho auditivo é particularmente sensível a obscenidades, consideraram que a eventual ofensa não só não podia ficar impune, como constituíra, em si mesma, um entrave ao exercício da actividade da brigada.
Aliás, consta que, alguns jogadores, nada acostumados a ouvir, ou proferir palavrões, admitiram abandonar o estágio da selecção, evitando submeterem-se ao referido controlo, como pretendia Queirós.
8. Vai daí, o CNAD queixou-se ao Governo, na pessoa do Secretário de Estado do Desporto, que logo se apressou a considerar grave, não só a alegada ofensa à honra da senhora, como a eventual possibilidade de tentativa de fuga ao controlo.
A fim de que fossem tomadas as medidas disciplinares adequadas, decidiram entregar o assunto ao Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.
9. Analisado o processo e ouvidas as testemunhas, o Conselho de Disciplina logo ilibou Carlos Queirós da tentativa de obstruir o trabalho da brigada de controlo, os jogadores juraram que já tinham ouvido aqueles palavrões, mas condenou o seleccionador com um mês de suspensão e uma multa de mil euros, por ofensas a Luís Horta.
Claro que, a ofensa, a ser verdade o que vem na comunicação social, terá sido feita à mãe de Luís Horta, e não ao próprio, mas, ou porque o filho tomou as dores da mãe, ou porque tinha procuração para o efeito, ficou assim mesmo.
10. Queirós, que continua a jurar que não injuriou ninguém, aliás, há muito boa gente que se cumprimenta dessa forma, como bem ilustrou o presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, uma das testemunhas de defesa arroladas pelo seleccionador, anunciou que ia apresentar recurso da decisão do Conselho de Justiça, embora não parecesse muito desagradado com a decisão.
11. Mas eis que, quando a coisa parecia que ia ficar resolvida, surge um novo inquérito, desta vez instaurado pela Federação, a propósito da entrevista que o seleccionador deu ao jornal Expresso, acusando Amândio de Carvalho, vice-presidente administrativo da Federação, de emprestar a cabeça aos tentáculos de um imaginário polvo, que visava afastá-lo do cargo.
Uma ofensa gravíssima, sem dúvida, não só porque emprestar a cabeça a um conjunto de tentáculos faz um mal terrível à saúde, mas também porque se trata de um dirigente que nunca esteve envolvido em quaisquer problemas, quando chefiou a comitiva portuguesa.
Essa coisa de Saltillo foi uma invenção da comunicação social, e nada mais natural do que um dirigente dizer que não gosta do seleccionador nacional. Basta ver o exemplo da França...
12. E como se não bastasse, indignada com a irresponsável decisão do Conselho de Disciplina, a Autoridade Antidopagem, com o surpreendente parecer favorável do CNAD, voltou atrás e resolveu avocar a decisão, retirando-a da órbita federativa.
Não só porque, em seu entender, Queirós colocou entraves à actividade da brigada, diz-se que já tinha um autocarro pronto para embarcar os jogadores e realizar o treino na doca seca da Lisnave, como mil euros não é multa que se preze, para lavar a honra da mãe do seu presidente.
13. Enquanto o pau vai e vem, o seleccionador nacional continua suspenso, corre o risco de ver alargada a suspensão, até 4 anos, e Portugal vai disputar dois jogos da fase de apuramento para o Campeonato da Europa, um dos quais com a Noruega, seu concorrente directo, na busca de uma vaga que dê direito à presença na fase final.
Mas é claro que nada disto tem importância nenhuma, quando tenhamos em atenção a perda da utilidade pública desportiva, por parte da Federação Portuguesa de Futebol, por incumprimento da legislação em vigor, ou a defesa da honra da mãe do presidente da Autoridade Antidopagem, que, por mero acaso, também é o presidente do CNAD.

Feita a descrição, sumária, dos factos, fica demonstrado que, não só não existem argumentos que possam justificar qualquer outra forma de resolver o problema, como esta é a melhor maneira de o fazer, senão a única.
A ofensa da honra, sobretudo de uma senhora, merece um castigo exemplar, além de que é preciso que o seleccionador nacional aprenda que é feio dizer palavrões, com excepção do concelho do Porto, por motivos históricos, que não se brinca com a Autoridade Antidopagem, que é uma autoridade, por definição, e que é obrigatório o dever de respeito pelos actuais dirigentes federativos, particularmente pelo vice-presidente Amândio de Carvalho, atendendo aos relevantes serviços prestados ao futebol nacional e ao País.
Uma polémica desgraçada em volta deste assunto, Queirós suspenso, decisões avocadas, inquéritos a correr, a selecção nacional sem treinador, mas nada que constitua motivo de incómodo, ou preocupação, como se apressou a explicar Laurentino Dias, o Secretário de Estado do Desporto, afirmando que "as coisas são o que são...não se escolhem momentos para que existam processos".
Acordei e ouvi, ao longe, a voz do saudoso Raul Solnado entoando uma melodia que o imortalizou:
"Português, ó malmequer, em que terra foste semeado..."