sexta-feira, 27 de agosto de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Era evidente a boa disposição naquela mesa.
Benigno, normalmente calmo e conciliador, era o mais agitado, consequência do apuramento do seu Sporting Clube de Braga, para a fase final da Liga dos Campeões.
- Vocês estão sempre com essa conversa de serem os maiores mas, vai-se ver, e os maiores somos nós. Um orçamento baixo, salários em dia, equipa arrumada, e a época mal começou e já obtivemos as receitas previstas para o ano. Tudo o resto é conversa!
- Pronto, tens a taça, respondeu Propício, cuja felicidade pelo modo como o seu Futebol Clube do Porto iniciou a época era evidente. O pior é quando tiverem que compatibilizar a participação na Liga dos Campeões, com a Liga Portuguesa...
- Pois, já sei, já sei, a conversa do costume. Mas não te preocupes, que nós saberemos como lidar com a situação. Uma coisa de cada vez. E este apuramento ninguém nos tira.
- Já te disse, tens a taça e não se fala mais nisso.
- O Braga esteve muito bem, isso é verdade. Estão de parabéns. Não é qualquer um que vai ganhar a Sevilha, observou Segundo.
Mas vocês têm que concordar que o meu Sporting também esteve muito bem. Bem sei que o Brondby não é grande equipa, mas depois de perder 2-0 em casa, ir ganhar fora 3-0 não só foi um grande resultado, como é muito moralizador para a equipa e para os adeptos.
- Estiveram bem, não há dúvida, concordou Propício. Agora vamos ver o que nos calha no sorteio, mas não deve ser complicado, já que somos cabeças-de-série.
Claro que para o meu Porto é igual. Venha quem vier, a vitória é certa, mas enfim, se for mais fraco sempre dá para pouparmos alguns jogadores, como fizemos ontem.
- Cuidado com as fanfarronices, avisou Benigno.
- Por falar em fanfarronices, o Benedito está muito calado. Já venderam o Roberto?
- Já cá faltava a conversa do Roberto. Não se importam de continuarem a desfrutar esse vosso momento de felicidade e deixar o Benfica em paz?
Estão todos de parabéns, têm motivo para isso, aproveitem enquanto dura e esqueçam o Benfica.
- Não te aborreças, Benedito. Sabes que a rapaziada gosta de puxar por ti, interveio Benigno.
- Eu sei que sim, mas essa coisa do Roberto já chateia. Ou julgas que eu estou satisfeito com a situação? É um verdadeiro bico-de-obra que o Benfica ali tem...
- Olha, deixa lá isso. Vamos a uma pescaria neste fim-de-semana?
E virando-se para os amigos, Benigno desafiou: Vamos apanhar um atum patudo?
O tema da conversa mudou, de imediato, e começaram a acertar o dia e o melhor horário para se dedicarem a um dos seus desportos favoritos...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PORTUGUÊS, Ó MALMEQUER...


Cronologicamente, de forma simplificada, a novela que envolve o seleccionador nacional de futebol, Carlos Queirós, pode ser descrita do seguinte modo:

1. Portugal teve uma prestação no Campeonato do Mundo, na África do Sul, condizente com a qualidade do nosso futebol, mas inferior ás expectativas de muitos dirigentes e comentadores.
2. No regresso a casa, a Federação Portuguesa de Futebol considerou a prestação portuguesa como boa e pagou ao seleccionador o prémio contratualmente previsto, pela passagem à fase seguinte da competição.
3. Só que vários dirigentes, federativos e não só, (todos? alguns? vá lá saber-se...), o que desejavam, no íntimo, era verem-se livres de Carlos Queirós, sem lhe pagarem a indemnização contratual, prática que muitos trabalhadores deste país bem conhecem, existindo, apenas, a pequena maçada de terem que encontrar justa causa para o despedimento.
4. Sucede que, a Autoridade Antidopagem decidiu, durante o estágio da selecção, na Covilhã, iniciar um controlo ás 7 da manhã, quando os jogadores ainda estavam a descansar, o que não terá agradado ao seleccionador nacional.
5. E porque estivesse com os azeites, entendesse que a culpa era da senhora, ou por um qualquer outro motivo, Carlos Queirós terá mandado um dos elementos da brigada, aparentemente o seu presidente, Luís Horta, fazer uma visita à senhora sua mãe.
Só que o fez em linguagem mais condizente com a dos trabalhadores da estiva, quando querem mandar um homem à fava...
6. Horta, para quem o uso de palavrões tem o efeito de lhe recordar os tempos em que andava na escola, de bibe imaculadamente branco, foi fazer queixinhas ao Conselho Nacional de Antidopagem, do qual, por coincidência, é presidente.
7. Os membros do CNAD, figuras do meio desportivo, médico e governamental, cujo aparelho auditivo é particularmente sensível a obscenidades, consideraram que a eventual ofensa não só não podia ficar impune, como constituíra, em si mesma, um entrave ao exercício da actividade da brigada.
Aliás, consta que, alguns jogadores, nada acostumados a ouvir, ou proferir palavrões, admitiram abandonar o estágio da selecção, evitando submeterem-se ao referido controlo, como pretendia Queirós.
8. Vai daí, o CNAD queixou-se ao Governo, na pessoa do Secretário de Estado do Desporto, que logo se apressou a considerar grave, não só a alegada ofensa à honra da senhora, como a eventual possibilidade de tentativa de fuga ao controlo.
A fim de que fossem tomadas as medidas disciplinares adequadas, decidiram entregar o assunto ao Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.
9. Analisado o processo e ouvidas as testemunhas, o Conselho de Disciplina logo ilibou Carlos Queirós da tentativa de obstruir o trabalho da brigada de controlo, os jogadores juraram que já tinham ouvido aqueles palavrões, mas condenou o seleccionador com um mês de suspensão e uma multa de mil euros, por ofensas a Luís Horta.
Claro que, a ofensa, a ser verdade o que vem na comunicação social, terá sido feita à mãe de Luís Horta, e não ao próprio, mas, ou porque o filho tomou as dores da mãe, ou porque tinha procuração para o efeito, ficou assim mesmo.
10. Queirós, que continua a jurar que não injuriou ninguém, aliás, há muito boa gente que se cumprimenta dessa forma, como bem ilustrou o presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, uma das testemunhas de defesa arroladas pelo seleccionador, anunciou que ia apresentar recurso da decisão do Conselho de Justiça, embora não parecesse muito desagradado com a decisão.
11. Mas eis que, quando a coisa parecia que ia ficar resolvida, surge um novo inquérito, desta vez instaurado pela Federação, a propósito da entrevista que o seleccionador deu ao jornal Expresso, acusando Amândio de Carvalho, vice-presidente administrativo da Federação, de emprestar a cabeça aos tentáculos de um imaginário polvo, que visava afastá-lo do cargo.
Uma ofensa gravíssima, sem dúvida, não só porque emprestar a cabeça a um conjunto de tentáculos faz um mal terrível à saúde, mas também porque se trata de um dirigente que nunca esteve envolvido em quaisquer problemas, quando chefiou a comitiva portuguesa.
Essa coisa de Saltillo foi uma invenção da comunicação social, e nada mais natural do que um dirigente dizer que não gosta do seleccionador nacional. Basta ver o exemplo da França...
12. E como se não bastasse, indignada com a irresponsável decisão do Conselho de Disciplina, a Autoridade Antidopagem, com o surpreendente parecer favorável do CNAD, voltou atrás e resolveu avocar a decisão, retirando-a da órbita federativa.
Não só porque, em seu entender, Queirós colocou entraves à actividade da brigada, diz-se que já tinha um autocarro pronto para embarcar os jogadores e realizar o treino na doca seca da Lisnave, como mil euros não é multa que se preze, para lavar a honra da mãe do seu presidente.
13. Enquanto o pau vai e vem, o seleccionador nacional continua suspenso, corre o risco de ver alargada a suspensão, até 4 anos, e Portugal vai disputar dois jogos da fase de apuramento para o Campeonato da Europa, um dos quais com a Noruega, seu concorrente directo, na busca de uma vaga que dê direito à presença na fase final.
Mas é claro que nada disto tem importância nenhuma, quando tenhamos em atenção a perda da utilidade pública desportiva, por parte da Federação Portuguesa de Futebol, por incumprimento da legislação em vigor, ou a defesa da honra da mãe do presidente da Autoridade Antidopagem, que, por mero acaso, também é o presidente do CNAD.

Feita a descrição, sumária, dos factos, fica demonstrado que, não só não existem argumentos que possam justificar qualquer outra forma de resolver o problema, como esta é a melhor maneira de o fazer, senão a única.
A ofensa da honra, sobretudo de uma senhora, merece um castigo exemplar, além de que é preciso que o seleccionador nacional aprenda que é feio dizer palavrões, com excepção do concelho do Porto, por motivos históricos, que não se brinca com a Autoridade Antidopagem, que é uma autoridade, por definição, e que é obrigatório o dever de respeito pelos actuais dirigentes federativos, particularmente pelo vice-presidente Amândio de Carvalho, atendendo aos relevantes serviços prestados ao futebol nacional e ao País.
Uma polémica desgraçada em volta deste assunto, Queirós suspenso, decisões avocadas, inquéritos a correr, a selecção nacional sem treinador, mas nada que constitua motivo de incómodo, ou preocupação, como se apressou a explicar Laurentino Dias, o Secretário de Estado do Desporto, afirmando que "as coisas são o que são...não se escolhem momentos para que existam processos".
Acordei e ouvi, ao longe, a voz do saudoso Raul Solnado entoando uma melodia que o imortalizou:
"Português, ó malmequer, em que terra foste semeado..."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

UMA GRANDE DONI DE CABEÇA...


A notícia surge nas páginas do jornal Record:
"Doni interessa ao Benfica".
O guarda-redes da Roma, internacional brasileiro, de 30 anos, parece ser, segundo o jornal, a opção para a baliza do Benfica, a titulo de empréstimo.
Ainda segundo o Record, a contratação de Doni está dependente da resolução do problema de Roberto, que pode passar pela sua cedência, a título de empréstimo, a um clube espanhol, por um período de um ano.
A ser verdade, acredito que poderia ser uma boa solução para as partes, já que Doni não parece ter a possibilidade de ser titular na Roma, o Benfica precisa de um guarda-redes que lhe permita enfrentar a reconquista do título e a Liga dos Campeões sem a instabilidade verificada neste início de época, e Roberto não parece ter condições, nas actuais circunstâncias, para poder justificar a bondade da sua contratação, ao serviço do Benfica.
Seja com for, a verdade é que o Benfica tem muito pouco tempo para tratar deste assunto, e a resolução da situação de Roberto é uma grande Doni de cabeça...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Os quatro amigos tomavam o seu café e discutiam, como sempre sucede às segundas-feiras, as incidências da jornada desportiva do fim-se-semana.
Benedito, com um ar visivelmente abatido, queixava-se da prestação de Roberto, a quem atribuía a derrota do seu Benfica, ante o Nacional da Madeira:
-É inadmissível que um guarda-redes de topo possa sofrer um golo como aquele. Um calmeirão daqueles, em vez de tocar a bola para fora, deixa-a bater na barra e fica a olhar, para ver o que acontece.
Aliás, já tinha sido responsável pelo primeiro golo, ao contrário do que afirma Jorge Jesus, porque demorou imenso tempo a sair dos postes e a bola é colocada nas costas dos defesas, na zona de intervenção dele.
E confesso-vos que a derrota custou-me ainda mais porque o Benfica praticou, até ao golo, o melhor futebol que eu vi praticar, esta época, na primeira Liga.
-Olha, por mim, o melhor é manterem o Roberto, que isso dá-nos um jeitão, ironizou Propício. A verdade é que já estão a seis pontos, e a continuarem assim terão muita sorte se conseguirem ficar num lugar de acesso à Liga Europa.
-Calma aí, morcãozinho! É verdade que vocês ainda não perderam, mas não enchas o peito de ar, porque ainda não jogaram nada de especial. O primeiro jogo, ganharam com um penalti forçado e ontem marcam o segundo golo na cobrança de uma falta que não existiu. Mas enfim, sem falar de arbitragem, a verdade é que o futebol praticado pelo Porto tem sido de fraca qualidade.
Não te esqueças que a época é longa, por isso, é melhor não embandeirares em arco, que para bandeiras e arcos já lá tens o treinador...
-Podes dizer o que quiseres, mas o que conta é que já estamos em primeiro, com seis pontos de avanço. O resto é conversa!
Benigno e Segundo, assistiam, com um ar divertido ao diálogo, e Benigno, que queria evitar falar do empate do seu Braga, achou que devia intervir:
-Deixem-se lá disso! A procissão ainda vai no adro. No final é que se fazem as contas. Vamos mas é falar de coisas mais agradáveis.
-Por mim, tudo bem, mas não deixa de ser interessante que tu e o Segundo estejam tão caladinhos. O empate do teu Braga tirou-te margem para grandes conversas, que eu bem te conheço, e ali o Segundo não ganhou para o susto. Foi preciso aquele penalti no último minuto, para conseguirem marcar um golo, provocou Benedito, com vontade de explorar as desgraças alheia.
-Alto aí, que eu nem sequer abri a boca, reagiu Segundo. O meu Sporting não é para aqui chamado. Discutam lá o que quiserem, mas deixem o Sporting em paz!
Segundo, desejoso de mudar de conversa, voltou à carga:
-Deixem-se lá disso. Falemos mas é da regata Les Sables/Les Açores/Les Sables.
Já viram que o “Mare.de” venceu a primeira perna e estava no comando a Norte do paralelo dos 40º30'(graus/minutos)?
-Já vim sim, está a ser uma regata muito bem disputada...
E lá continuaram à conversa, agora sobre a regata, que fez parte do programa da Semana do Mar, integrada no Festival Náutico, que teve a largada da 2ª etapa na baía da Horta, no passado dia 17.

BENFICA MATA SEPTUAGENÁRIO


A notícia está na página da Internet do jornal Correio da Manhã, de hoje.
O benfiquista, que sofria de problemas cardíacos, estava em casa, vendo o jogo contra o Nacional da Madeira, pela televisão.
Nem o facto de o quartel dos bombeiros se situar em frente da sua casa tornou possível evitar a morte do cidadão que, talvez por já ter passado dos 60 anos, não tem direito a que refiram o seu nome.
Enfim, faleceu mais um benfiquista, só que desta vez por se ter sentido mal, quando assistia a um jogo do seu clube do coração.
O coração que não resistiu ao abalo, que afectou milhões de corações benfiquistas, provocado por um guarda-redes que teima em justificar o cujo custo milionário envolvido na sua contratação.
Desde ontem à noite que a comunicação social refere um possível empréstimo de Roberto, o que a SAD benfiquista se apressou a desmentir, mas a bem da saúde da nação benfiquista, é preciso que Jorge Jesus faça alguma coisa.
É que, por este caminho, os estabelecimentos de cardiologia existentes não vão chegar para as encomendas.

domingo, 22 de agosto de 2010

QUEM ACOMPANHA COM COXO...


Ainda em fase de recuperação do abalo sofrido com a derrota do Benfica, frente ao Nacional da Madeira, procurei encontrar na imprensa da especialidade, e nas opiniões de alguns consócios, alguns motivos que me ajudassem a ultrapassar esta fase de desalento.
Infelizmente, nada do que li contribuiu para a melhoria do meu estado de espírito, ou atenuar a minha percepção sobre os problemas que estão a afectar a equipa principal do Benfica.
Tal como eu, analistas, comentadores, adeptos e associados do Benfica consideram que Roberto foi o culpado pela derrota de ontem, sendo preciso muito boa vontade para se compreender a posição de Jorge Jesus, quando continua a negar aquilo que é uma evidência, aos olhos de todos.
Nesta matéria, permito-me destacar, pela sua qualidade e por se tratar de um dos mais qualificados comentadores desportivos portugueses, o artigo do comentador desportivo da TSF, Luís Freitas Lobo, cuja leitura recomendo, e que deveria merecer a atenção do treinador e dos dirigentes do Benfica. (http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1646300)
Em resumo, o que mais me preocupa é o facto de o Benfica ter um sério problema para resolver, Jorge Jesus teimar em não o reconhecer, o mercado de contratações fechar dentro de uma semana, e o guarda-redes Roberto já ter demonstrado que não dá as garantias necessárias a uma equipa que quer voltar a ser campeã nacional e ter uma boa prestação na Liga dos Campeões.
Mas igualmente preocupante foi ter verificado a existência de um elevado número de benfiquistas que, nos seus comentários ás notícias dos jornais, começam a colocar em causa o treinador do Benfica, chegando alguns deles a pedir o seu afastamento.
Os mais de 40 anos de sócio do Benfica levam-me a pensar que conheço o comportamento e reacções da nossa massa associativa, e a sua tendência para passar do estado de euforia ao do depressão, quando as coisas não correm bem.
A história do Benfica, para o bem e para o mal, está cheia de exemplos de jogadores, treinadores e dirigentes, que passaram de amados a odiados, enquanto o diabo esfrega um olho.
E foi por esse motivo que aqui expressei, ontem, a minha preocupação com o facto de Jorge Jesus poder vir a ser arrastado por uma eventual onda de descontentamento entre os adeptos benfiquistas.
Como sempre sucede em períodos conturbados, o momento é de se apelar à serenidade e evitar pindarizar sobre a situação, sob pena de podermos vir a assistir a um agravamento dos problemas, com consequências de difícil previsão...
E não se pense que este meu apelo à calma e contenção significa total aprovação de tudo o que tem sido feito, porque não é disso que se trata.
Mas é forçoso que os benfiquista reconheçam que o Benfica, ontem, durante a primeira parte do jogo, teve momentos de muito bom futebol, e apenas a infeliz exibição de Roberto impediu uma vitória que parecia certa.
Tudo o que Jorge Jesus conseguiu na época passada não pode ser posto em causa à primeira contrariedade e é por isso que me permito apelar à serenidade e ao bom-senso de todos os benfiquistas, para podermos ultrapassar, pela positiva, um momento desportivo que a todos penaliza.
Mas também não posso terminar sem sugerir a Jorge Jesus que tenha presente um grande ensinamento da sabedoria popular:
Quem acompanha com coxo, ao terceiro dia coxeia!

sábado, 21 de agosto de 2010

DECEPÇÃO, EM TONS DE VERMELHO...


Decepção, é a única palavra que me ocorre, com excepção, naturalmente, de um palavrão, e dos fortes.
O Benfica voltou a ser derrotado, desta vez por 2-1, frente ao Nacional da Madeira, e contabiliza zero pontos, no final da segunda jornada da Liga.
Perder um jogo que o Benfica dominou, claramente, desperdiçando várias ocasiões de golo, devido a inacreditáveis falhas de um guarda-redes, que custou os olhos da cara, é difícil de aceitar.
Quantos mais golos terá o Benfica que sofrer, devido a falhas de Roberto, para que Jorge Jesus se decida a fazer alguma coisa?
Será que passa pela cabeça do treinador do Benfica utilizar este guarda-redes nos jogos da Liga dos Campeões?
Decerto que ninguém acredita que Roberto seja tão mau quanto tem demonstrado, ou não seria aceitável que o Benfica tivesse gasto a fortuna que gastou, mas a verdade é que não está bem, e em vez de dar pontos, está a tirar. E a que velocidade...
Mas mesmo para quem, como eu, admita que possa tratar-se de uma questão de intranquilidade, embora já comecem a ser demasiados os erros técnicos, torna-se difícil entender que Jorge Jesus insista na utilização do jogador.
Jesus tem de perceber que, Roberto, tal como aconteceu no passado, com vários jogadores, corre o risco de passar a ser alvo das vaias, permanentes, dos adeptos, assim que o seu nome for anunciado pelos altifalantes do estádio da Luz.
Quem conhece o Benfica, e os seus adeptos, sabe que essa passou a ser uma forte possibilidade...
E até por isso, e para protecção do jogador e do homem, seria bom dar-lhe um período de descanso.
Além de que seria lamentável se Jorge Jesus, cujo trabalho tem sido merecedor dos maiores elogios, pudesse começar a perder o prestígio conquistado, junto dos adeptos, por causa de uma teimosia...
Em contraponto, uma nota especial para o guarda-redes do Nacional, Bracalli, que defendeu tudo o que havia para defender e demonstrou que, para dar pontos a uma equipa, não é preciso ter dois metros...
Não querendo falar da arbitragem, termino registando o facto de Pedro Proença ter mostrado 13 cartões amarelos, num jogo que foi tudo menos violento.
Tal como com o Benfica, o início de época não justifica tudo...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Os quatro amigos tomavam a sua bica em ambiente, anormalmente, silencioso.
Segundo chegara ao Peter's com um ar abatido. Estava taciturno e dir-se-ia, até, que tinha passado mal a noite.
Claro que os amigos conheciam o motivo daquele desalento e, talvez por isso, ninguém se atrevera, ainda, a tocar no assunto. Mas todos sabiam que era uma inevitabilidade...
Acabaria por ser Benigno a abrir as hostilidades, a propósito da suspensão do seleccionador, Carlos Queirós:
-E o que me dizem vocês do castigo ao seleccionador e do novo inquérito aberto pela Federação?
-Uma vergonha, reagiu Benedito. Se querem mandar o homem embora, negoceiem com ele. Isto não tem jeito nenhum. Mas o que eu acho graça é que, agora, é Amândio de Carvalho que se diz ofendido, pelo conteúdo da entrevista de Queirós ao jornal Expresso...
-O Amândio de Carvalho já devia ter deixado a Federação há muito tempo, sentenciou Propício. O homem está ligado a tudo o que é desaire, e pouca vergonha, na selecção. Em 1986, quando houve a bronca da greve dos jogadores, no México, já era ele o chefe da delegação portuguesa. Mas parece que ninguém se lembra disso...
-Claro que lembram. Vocês é que não percebem que eles continuam lá porque o Spielberg pediu que recriassem, na Federação, o ambiente do Parque Jurássico, para as filmagens de uma versão actualizada. Os homens só estão lá por dever cívico, ironizou Benedito.
-É verdade, aquela Federação está cheia de teias de aranha e precisava de uma limpeza total, acrescentou Propício. Já deviam ter sido todos corridos, por indecente e má figura, é o que é.
Ante a unanimidade sobre o tema selecção, o ambiente distendeu-se um pouco, e Benedito, que aguardava a oportunidade, avançou para o tema que lhe estava atravessado na garganta:
-Então, Segundo, não dizes nada? Estás com um ar abatido. Mas eu entendo-te. Perder, em casa, com o os dinamarqueses do Brondby, uns nabos de navarone, é de deixar qualquer um agoniado.
-Já cá faltava a conversa, reagiu Segundo. Nem me fales nisso que eu ainda não estou bem...
-Isso já nós percebemos, mas também não é motivo para ficares macambúzio. São coisas que acontecem, aduziu Propício, na esperança de que se falasse do seu Porto.
-Acontecer, acontecem, só que ao Sporting acontecem demasiadas vezes, replicou Segundo, com evidente enfado.
-Deixa lá, se a bola der para o torto, sempre podem fazer uma plantação de nabos no Alvalade XXI, ironizou Benedito. Já não se perde tudo.
-Não chateies o homem, atalhou Propício. Tu és lixado.
-Olha-me este morcão, reagiu Benedito. Estás todo ufano porque ganhaste a uns marretas, que mal sabem jogar à bola. Quem ouvir o vosso treinador, até parece que já ganhou a Liga Europa...
-A verdade é que ganhámos, e ganhar fora, por 3-0, não é para qualquer um.
-Pois não, mas não te esqueças que ganharam ao Genk, um grupo de padeiros belgas. E foi preciso um penalti que não existiu, e jogarem contra dez jogadores, durante quase toda a segunda parte. O Vilas que se cuide, que ainda vai passar das Boas, rematou Benedito, com um rasgado sorriso.
-Ri-te, ri-te, que depois choras, reagiu Propício. O Vilas Boas tem razão. Quando o Porto quer um jogador, não é o Benfica que o pode parar. Vamos ver quem vai rir no fim...
-Ai vamos, vamos, com certeza. O rapaz está de peito cheio, mas talvez fosse bom que alguém o aconselhasse a ter alguma contenção. Está armado em Mourinho dois, mas só se for na polémica das declarações, é claro.
Ainda agora chegou e já está feito incendiário. Mas é bom que se cuide, pois o tiro ainda lhe pode sair pela culatra. Como o nosso futebol já tinha poucos, só nos faltava mais este...
-Deixem-se lá dessa coisas, interveio Sereno, procurando serenar as coisas, fazendo jus ao nome.
Afinal, todos estamos satisfeitos com as vitórias do meu Braga e do Porto, e ficámos tristes com os resultados do Sporting e do Marítimo.
-Sei que tens razão. Mas não podemos deixar de reconhecer que o rapaz do Porto está a abusar. Eu só entendo aquele tipo de discurso pela vontade de agradar a Pinto da Costa, mas para quem está a começar, o rapaz revela muita imprudência, observou Segundo.
-Bem, meus senhores, mudemos de assunto e falemos sobre a viagem da Sagres, atalhou Benigno, desejoso de mudar de tema.
E lá ficaram à conversa, desta vez sobre aquela estranha posição dos chineses, que impediram o navio escola "Sagres" de fazer escala em Macau...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

À MESA, NO PETER'S...



O dia amanheceu cinzento, embora a temperatura fosse elevada.
Mas aquele capacete de nuvens, que tantas vezes se instala sobre o arquipélago dos Açores, não era suficiente para abalar a boa disposição de Benedito.
O seu Benfica, contrariamente ao que tem sido habitual, conseguira garantir o concurso do argentino Salvio, por empréstimo do Atlético de Madrid, conseguindo evitar que o jogador acabasse no FC Porto.
Por isso, e porque também lhe agradara a vitória do Braga, frente ao Sevilha, na primeira eliminatória da Liga dos Campeões, Benedito saiu de casa, a caminho do Peter's, com um sorriso no rosto, que evidenciava a sua boa disposição.
Pelo caminho, foi olhando o movimento dos barcos no porto, e decidiu que iria falar com os seus amigos, no sentido de promoverem um passeio de veleiro...
No Peter's, aguardavam-no Benigno e Propício.
-Ora muito bom dia para todos, exclamou Benedito. E puxou de uma cadeira, para se sentar junto aos amigos, enquanto pedia uma bica.
-Bom dia, estás muito bem disposto, respondeu-lhe Benigno, sem perceber o motivo do sorriso que lhe inundava o rosto.
-É verdade, muito bem disposto mesmo. Sabes, fico sempre satisfeito quando uma equipa portuguesa vence os seus jogos, em competições europeias. A propósito, muitos parabéns, o teu Braga esteve em grande.
-Obrigado, mas não me vais dizer que é por causa do meu Braga que estás tão bem disposto...
-Claro que não, Benigno, claro que não. A verdade é que, o meu nível de satisfação melhora, substancialmente, sempre que vejo alguém ir buscar lã, e sair tosquiado, acrescentou Benedito, olhando para Propício, com um sorriso sarcástico.
Propício, que estivera calado até então, esboçou uma reacção:
-Bem disposto e com enigmas, a coisa promete, observou.
-Não promete coisa nenhuma, estou a referir-me ao teu clube, que queria repetir uma das suas graças, desta vez com o Salvio, só que se deram mal, reagiu Benedito.
-Não podemos ganhar todas, mas não perdem pela demora.
-Sabes, é uma vergonha, é o que é, e custa-me que um homem de bem, como tu, não reprove esta obsessão pelos negócios do Benfica. Até parece que não têm gente qualificada para observar jogadores, ou que não existem outros jogadores no mercado. mas enfim...
Benigno, que sentiu que a conversa podia turvar, intrometeu-se:
-Deixem lá isso agora. O importante é que os clubes portugueses vençam os seus confrontos de hoje, para ver se melhoramos a nossa posição na UEFA.
E vendo que os outros dois concordaram, de imediato, aproveitou:
-Vocês viram a maravilha do Royal Clipper, o veleiro mais rápido do mundo, que entrou na baía esta manhã?
E lá continuaram a falar daquele maravilhoso veleiro de cinco mastros, o maior e mais rápido veleiro do mundo, com 134 metros de comprimento, oferecendo-se uma trégua, em matéria futebolística...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

À MESA, NO PETER'S...


São quatro marinheiros, todos em idade de reforma, se é que essa situação pode, alguma vez, ser aplicável a um marinheiro...
Nascidos na parte continental de Portugal, deixaram-se seduzir pela beleza das Angústias, uma freguesia da cidade da Horta, na ilha do Faial, nos Açores, onde acabaram por fixar residência.
Fascinara-os a beleza da Baía do Porto Pim, onde se situa uma das maiores praias de areia da ilha do Faial.
Moram perto do Porto Comercial, cuja construção foi iniciada em 1876, no interior do qual se situa a Marina da Horta, inaugurada em Junho de 1986,talvez porque lhes é impossível afastarem-se do mar...
O mais famoso bar do Atlântico Norte, o Peter Café Sport, ou, simplesmente, o Peter's, junto à Marina, é o seu ponto de encontro de todos os dias. Ali se reúnem, seja em volta da "bica" matinal, ou no final da tarde, para se entregarem ao prazer de um dos "gin and tonic" mais famosos do mundo.
Ocupam o tempo admirando os iates, cavaqueando com os marinheiros que aportam à ilha, jogando à sueca, ou, como qualquer português que se preza, falando de futebol, e dos seus clubes do coração.
Benigno, natural de Braga, apoia o clube da sua terra natal, o Sporting Clube de Braga, orgulhoso dos resultados desportivos alcançados nas últimas épocas, apesar do reduzido orçamento de que dispõe, para suportar a sua equipa de futebol.
Propício, nado e criado em Vila Nova de Gaia, é um ferrenho adepto do Futebol Clube do Porto, clube que, segundo ele, se tornou "o máior", desde que, nos tempos do treinador José Mourinho, conseguiu o feito de ganhar a Liga dos Campeões.
Segundo, skipper de vários veleiros desportivos, nasceu em Belém, junto ao Tejo, e é sócio do Sporting Clube de Portugal, desde o dia em que nasceu, por decisão do seu pai. Os famosos "cinco violinos", que idolatra desde a sua juventude, foram factor decisivo na sua fé sportinguista.
Benedito, que seu pai quisera registar como Bendito, por ter nascido no dia 28 de Abril de 1946, dia em que o Glorioso deu a maior abada de sempre (7-2) ao Sporting, veio ao mundo na Costa da Caparica. Sócio do Glorioso Sport Lisboa e Benfica, desde o dia do seu nascimento, deve esse privilégio ao espírito clarividente do seu pai, também ele um benfiquista dos quatro costados, que participou na construção da antiga Catedral, conhecida, nos meios desportivos da especialidade, como o velho "Estádio da Luz".
Eis, meus amigos, o cenário em que se irão desenrolar as saborosas conversas e análises desportivas, relativas à época futebolística 2010/11, tendo como principais protagonistas os cidadãos acima mencionados.
Sempre sob o título, "À MESA, NO PETER'S...", os nossos quatro amigos irão discutir futebol, sempre mantendo a compostura, mas com muitas alfinetadas e boa disposição, nunca esquecendo os principais problemas que afectam a sua modalidade de eleição, depois das regatas, bem entendido.
A conversa segue dentro de momentos...

domingo, 15 de agosto de 2010

UM MAU COMEÇO...


O Benfica iniciou a sua participação no campeonato com o pé esquerdo.
Perder, em casa, com a Académica, não estaria, certamente, nos planos dos benfiquistas, nem nas previsões mais optimistas dos adeptos da Briosa.
Depois de uma primeira parte para esquecer, o Benfica passou a dominar o jogo, perante uma Académica que teve um jogador expulso aos 5 minutos da segunda parte, mas que não perdeu a sua organização defensiva e demonstrou um enorme empenho, e determinação, na procura de um resultado positivo.
Claro que se pode dizer que o Benfica não merecia ter perdido, face ás oportunidades criadas, que a Académica quase só defendeu, e que o árbitro permitiu demasiadas perdas de tempo.
Mas o que conta, verdadeiramente, é que a Académica marcou dois golos, o segundo foi um golaço, e o Benfica, para além de ter sido demasiado lento, na primeira parte, acabou por não ser capaz de aproveitar as oportunidades criadas.
Mas mais do que a derrota, o que eu considero preocupante é a mudança de atitude de Jorge Jesus, já evidente quando do jogo com o Porto, para a Supertaça.
Onde está o treinador confiante da época passada?
Jorge Jesus parece ter perdido aquele ar confiante que o caracterizava, está mais cauteloso, com um discurso menos afirmativo e, ou muito me engano, isso está a ter reflexo no espírito dos jogadores...
Por outro lado, torna-se difícil entender a insistência em César Peixoto, quando já tinha ficado evidente que Franco Jara dá outra vivacidade à movimentação atacante...
Enfim, apesar da enorme decepção desta noite, acredito que este resultado não passou de um acidente, e que o Benfica regressará, já no próximo jogo, ao nível a que nos habituou, na época passada.
Mas, tal como alguns jogadores, Jorge Jesus precisa de recuperar, urgentemente, a sua melhor forma...

UM BOM EXEMPLO


A entrevista do presidente do Belenenses, João Almeida, publicada na edição de hoje do jornal Record, deveria ser de leitura obrigatória, para todos os dirigentes desportivos.
Assumindo como prioridade o saneamento financeiro, o jovem presidente do Belenenses fala das das dificuldades financeiras actuais, das rescisões com atletas, e reafirma as prioridades na utilização dos dinheiros do clube:
1º Pagar os impostos e obrigações para com o Estado;
2º Pagar salários e vencimentos
Só depois disso, segundo o presidente, o Belenenses poderá começar a pensar noutras coisas, nomeadamente, na melhoria dos resultados desportivos.
Numa atitude corajosa e pouco comum entre os dirigentes do nosso futebol, João Almeida assume as dificuldades sem lamurias, e sem pedir apoios a quem quer que seja.
E porque, apesar de ser benfiquista, faço parte de uma família de "pastéis", quero endereçar os meus parabéns a João Almeida e desejar, na sua pessoa, a maior sorte para todos os que assumiram a difícil tarefa de recolocar o Belenenses entre os grandes do futebol português.

FELIPÃO...


Finalmente, a primeira vitória do Palmeiras, na era Felipão.
Ao vencer, no Pacaembu, o Atlético-PR, por 2-0, o Palmeiras aliviou a pressão dos resultados negativos, embora a qualidade do seu futebol continue a ser muito questionável.
Felipão, que acabaria por ser expulso, durante a segunda parte da partida, por reclamar, ostensivamente, das decisões do árbitro, apelou, no final do jogo, para um maior empenhamento da torcida do Verdão, no sentido de pressionar as equipas de arbitragem...
É Scolari ao seu melhor nível...!

sábado, 14 de agosto de 2010

A LUSA FAZ 90 ANOS


A Associação Portuguesa de Esportes, também conhecida como Portuguesa, ou Lusa, comemora, hoje, o seu 90º aniversário.
Fundada a 14 de Agosto de 1920, em resultado da fusão de 5 colectividades, a Lusa é um dos principais clubes de futebol de São Paulo, e disputa, actualmente, a Série B do Campeonato Brasileiro.
Na pessoa do seu Presidente, Manuel da Lupa, dou os meus Parabéns a todos os dirigentes, e torcedores, rubro-verdes, com votos das maiores felicidades, e o desejo de que a Lusa possa regressar, já este ano, à Série A do Campeonato Brasileiro.

FINALMENTE, A LIGA INGLESA




A Premier League está de volta, e com ela as transmissões televisivas dos grandes jogos.
A SportTV brindou-nos com o primeiro jogo, entre o Tottenham Hotspur e o Manchester City, que terminou com um empate a zero.
Pena a falta de golos, num jogo com imensas oportunidades, um futebol de excelente qualidade, muito bem disputado, sem simulações, com poucas faltas e uma arbitragem coerente.
Quem gosta de futebol não pode deixar de saudar o regresso da Liga inglesa.

TAPANDO O SOL COM UMA PENEIRA...


Atendendo à sua actualidade, aqui reproduzo o "post" que publiquei, no passado dia 20 de Julho, no CETRA IDEAL:

Está a iniciar-se mais uma época futebolística e renova-se a esperança dos adeptos numa boa prestação desportiva dos seus clubes.
Mas seria bom que todos os que gostam de futebol, e não apenas do seu clube, fizessem ouvir a sua voz na defesa de uma competição em que os adversários se respeitem, não haja lugar a violência e impere a verdade desportiva.
Com uma nova liderança, a Liga de Clubes de Futebol Profissional terá, espera-se, a possibilidade de começar a agir em conformidade com as promessas do novo presidente, quando da tomada de posse, para benefício do futebol português.
Já ao nível federativo, não parecem existir grandes motivos de esperança, mantendo-se a situação de perda do estatuto de utilidade pública desportiva, sem que ninguém pareça muito preocupado com isso, e neste ninguém incluo, naturalmente, o Governo, que não pode, nem deve, ficar indiferente. É preciso por cobro a esta situação, que devia envergonhar todos os responsáveis...
Na arbitragem, com a ascensão de três novos árbitros, para preencherem o quadro principal, o que se perdeu em experiência ganhou-se em juventude, o que poderá não ser, forçosamente, mau. Assim os diferentes agentes desportivos se disponham a não dificultar, ainda mais, a vida dos árbitros, até que a FIFA se digne aprovar o recurso à tecnologia, para facilitar o seu trabalho e contribuir para um maior respeito pela verdade desportiva. Mas, infelizmente, também a esse nível as preocupações não parecem ser muitas...
A experiência ensina-nos que não existem motivos para que possamos esperar grandes reformas no futebol português, apesar de, há muito, se revelarem necessárias, mas isso não deve constituir motivo de resignação, bem pelo contrário.
O modelo e a estrutura das diferentes competições merece uma reflexão, profunda, o mesmo sucedendo com todos os aspectos relacionados com o marketing, e a publicidade.
Questões como o preço dos bilhetes, ou os horários dos jogos, são importantes, mas a sua resolução não chega para melhorar, significativamente, o problema da falta de espectadores nos estádios. O problema é mais profundo e precisa ser tratado de forma global, envolvendo todos os agentes desportivos, patrocinadores e os órgãos de comunicação social.
A justiça e disciplina desportivas precisam de tratamento diferente e requerem uma análise séria. A, prometida, criação um tribunal desportivo, dará um enorme contributo para a diminuição da conflitualidade, permitindo que o esforço e energias dos dirigentes possam passar a ser canalizados para o que é essencial, pelo que se espera que possa ser concretizada, rapidamente.
O problema da violência, dentro e nas imediações dos estádios, terá de merecer maior atenção, para que o nosso futebol se possa tornar num espectáculo para as famílias, atraindo uma muito maior presença das mulheres, tal como já vem sucedendo com os jogos da selecção nacional.
E é urgente que se reconheça que, o sucesso do nosso futebol, nos anos mais recentes, a nível de clubes e da selecção sénior, não encontra correspondência na estrutura organizativa que lhe está subjacente.
É preciso reavaliar os quadros competitivos e a excessiva presença de estrangeiros, até nas camadas jovens, que começa a ter um impacto que não pode ser menosprezado, bem como as implicações do excessivo endividamento dos clubes, e tomar as medidas adequadas.
Enfim, urge melhorar a qualidade e competitividade do futebol português, mas, com o início das competições e o inevitável aumento da conflitualidade, temo que pouco se venha a fazer nesse sentido.
Mas gostaria muito de estar enganado, até porque acredito que, com a crescente importância da indústria do futebol e num contexto de crise das economias desenvolvidas, não irá ser possível, por muito mais tempo, continuar a tapar o sol com uma peneira...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ESTREIA DE RICARDO CARVALHO


Boa estreia de Ricardo Carvalho, com a camisola do Real Madrid, frente ao Bayern de Munique, num jogo interessante de seguir, em homenagem a essa grande figura do futebol que é Franz Beckenbauer.
O Real Madrid ganhou o troféu nos penaltis, após um empate, sem golos, no final do tempo regulamentar.
Cristiano Ronaldo não esteve ao seu melhor nível, num jogo que terá permitido a José Mourinho tirar várias conclusões, quanto aos acertos a fazer na sua equipa.

COM PAPAS E BOLOS...


Inicia-se, hoje, a época desportiva 2010/11 da Liga Zon/Sagres, nova denominação para o campeonato nacional português.
Desejar que esta nova época desportiva possa ser mais competitiva, menos quezilenta, que impere a verdade desportiva, que haja mais "fair-play", tornou-se um lugar-comum.
Que me perdoem os que assim não se comportam, mas a verdade é que, o verdadeiro problema reside na frequente utilização de palavras, ou expressões, que, embora carregadas de conteúdo e significado, pouco, ou nada, representam, aos olhos de quem as utiliza.
E nem o facto de esta ser uma prática generalizada, em vários sectores da nossa sociedade, desculpa o que se passa no nosso futebol.
Com efeito, tornou-se trivial vermos, e ouvirmos, os intervenientes, incluindo a maioria dos espectadores e adeptos, repetirem os mesmos desejos, no início de cada época desportiva. E, apesar disso, a história repete-se.
Insinuações, suspeição, discursos incendiários, falta de desportivismo, violência, um pouco de tudo isto se repete, em dose maior, ou menor, em cada época desportiva.
É que, na verdade, todos estes apelos têm subjacente um pressuposto, que poucos se atrevem a explicitar:
Todos querem tudo isso, desde que a sua equipa ganhe!
E por muito que nos custe, qualquer analista externo, que observe o nosso futebol, facilmente conclui que, praticantes, dirigentes, adeptos e, infelizmente, até a maioria dos analistas e comentadores, têm uma exacerbada perspectiva clubista do jogo.
Por estes dias, vão continuar a suceder-se os apelos de início de época, carregados de boas intenções, daquelas que dão para encher, não um, mas dois infernos, embora todos saibamos que pouco, ou nada, tem sido feito, no sentido de melhorar o actual estado de coisas, e a qualidade do nosso futebol.
A sabedoria popular diz-nos que, "com papas e bolos se enganam os tolos", um provérbio que encontra plena aplicação no nosso futebol, para desgosto dos verdadeiros amantes do desporto-rei, do desportivismo, e da verdade desportiva!

O INÍCIO


Desde há algum tempo que me venho interrogando se faria sentido criar um novo blog, onde apenas tratasse de assuntos desportivos, em particular de futebol.
Até agora, é no CETRA IDEAL que tenho abordado as questões relacionadas com o desporto, sobretudo de futebol, o que me parece ser uma injustiça para todos aqueles que fazem o favor de ler os meus escritos, embora não dando "a mínima" para os futebóis.
Assim surgiu este blog, para alívio de alguns amigos e recrudescimento da ocupação dos meus tempos livres, no dia em que se inicia mais uma época desportiva do futebol português.
Para todos os que se derem ao trabalho de o ler e de o seguir, aqui ficam os meus sinceros agradecimentos.