domingo, 26 de setembro de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Propício tomava o seu café, quando entrou Segundo, com ar de quem estava muito arreliado:
-Então homem, que ar é esse? Deixa lá isso, foi só mais um jogo. Além disso, já devias estar habituado, atirou, com ar trocista.
-Deixa-te de graças, Propício, que eu hoje não estou nos meus melhores dias.
-Imagino, o teu Sporting só te dá tristezas. Não há meio de acertarem o passo e, pelo andar da carruagem, parece-me que ainda não será desta.
-Lá isso é verdade, mas olha que pelo facto de o teu Porto ter começado bem, também não é motivo para deitares foguetes antes da festa. O campeonato é longo...
-Pois sim, mas candeia que vai à frente, alumia duas vezes, retorquiu Propício.
Estavam neste diálogo quando entrou Benedito, que, ao ouvir o final da conversa, não resistiu:
-Não alumia duas não, no caso do Porto alumia quatro, que são as vezes em que foi beneficiado pelas arbitragens, em apenas seis jogos.
-Pronto, lá tinha que vir à baila a conversa das arbitragens, reagiu Propício.
-Claro que tinha e continuará a vir, para nunca te esqueceres do modo como o Porto conseguiu os nove pontos de avanço sobre o Benfica. É o Porto a ser beneficiado e o Benfica a ser prejudicado, de forma escandalosa.
Desta vez foi mais um penalti, claríssimo, que ficou por assinalar...
-Se ficas satisfeito com isso, assim seja. A verdade é que são nove pontos de diferença. O resto é conversa, atirou Propício, como que pretendendo terminar a conversa.
-Pois são, mas tudo isto é uma vergonha. Mesmo acreditando, e eu quero acreditar, que os árbitros não erram de propósito, a verdade é que se torna incompreensível a diferença de critérios existente. E não me refiro, apenas, à questão dos penaltis, falo também dos critérios disciplinares. Uma vergonha, rematou Benedito.
Propício, que queria mudar de conversa, já que as questões da arbitragem o deixavam, francamente, agastado, perguntou:
-O que é feito do Benigno, que não apareceu?
-Sei que ele aproveitou a ida ao Continente para ir ver o Braga, na Sexta, e era para ter regressado hoje. Mas, até agora, não deu notícias, esclareceu Segundo.
-Vá lá, pelo menos escolheu bem o jogo, já que o Braga ganhou, ironizou Benedito.
-Bem, e se jogássemos às moedas, para ver quem paga os cafés, sugeriu Propício, que não pretendia ver retomado o tema do futebol.
-Vamos a isso, que eu estou a precisar de melhorar a disposição, anuiu Segundo.
-Ou piorar, reagiu, trocista, Benedito.
E lá ficaram, mãos estendidas, fazendo os pedidos, num jogo à melhor de três...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

DO MESSIANISMO À TRANQUILIDADE...


Depois de mais uma novela, em que a nossa Federação tem sido fértil, lá foi anunciado o nome do novo seleccionador nacional: Paulo Bento.
Sobre o processo Queirós, já aqui escrevi o que penso, pelo que apenas acrescento que estes senhores saíram, todos eles, muito mal na fotografia.
Quanto ao processo Mourinho, se o assunto não fosse sério, só dava mesmo para rir. E à gargalhada!
Só lamento que Mourinho tenha, sequer, considerado a possibilidade de poder ser seleccionador nacional por, apenas, dois jogos...
Mas o processo teve o mérito de confirmar, para quem tivesse dúvidas, que o messianismo continua bem presente em alguns sectores da sociedade portuguesa, restando saber se Mourinho chegaria, ou não, a Portugal, montado num cavalo branco, a condizer com as cores do Real Madrid...
Já quanto à escolha de Paulo Bento, a quem aproveito para desejar as maiores felicidades no cargo, confesso a minha surpresa.
Como diria um amigo meu, nem sim, nem não, antes pelo contrário...
Uma escolha que começou com um processo nada tranquilo e que todos esperamos que possa conduzir a um apuramento para o Europeu, "com tranquilidade".

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SOBRE O COMUNICADO DO PLENÁRIO DOS ÓRGÃOS SOCIAIS DO SPORT LISBOA E BENFICA


Ainda se fazem sentir os efeitos do comunicado emitido na sequência da reunião plenária dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica.
Globalmente, a posição assumida merece o meu acordo e resta-me esperar que possa ter o efeito desejado.
Neste contexto, gostaria de fazer uma chamada de atenção para os seguintes aspectos:

1. Vandalismo e Violência

É tempo de se tomarem medidas, sérias, para acabar com os actos de vandalismo provocados pelas claques dos clubes, não sendo aceitável que, quando não se conseguem evitar os incidentes, não sejam identificados os culpados e punidos de forma exemplar.
O Benfica agiu bem ao dar a devida relevância a este facto, agora que a época está no seu início.
Durante o jogo do FC Porto com o SC Braga, voltaram a ser arremessadas bolas de golfe para o relvado, prática, ao que julgo saber, iniciada quando do jogo contra o Benfica, na época passada, no mesmo estádio.
Vai ser interessante vermos qual a acção disciplinar da Liga de Clubes, relativamente a estes incidentes, não sendo aceitáveis desculpas como a da dificuldade em evitar a sua entrada no recinto.

2. Arbitragens

Tendo, embora, a maior relutância em admitir que as equipas de arbitragem erram de forma propositada, a verdade é que são vários os casos conhecidos de manipulação de resultados.
E embora acredite em coincidências, quando elas são excessivas está aberto o caminho para a dúvida e a desconfiança.
E é inegável que, em apenas quatro jornadas, os erros de arbitragem, em desfavor do Benfica são demasiados, dando-se a coincidência, ou não, de situações semelhantes serem julgadas com critérios distintos, nos jogos que envolvem os seus adversários directos.
Fez bem o Benfica, ao evidenciar este facto e pedir explicações ao responsável pelas nomeações dos árbitros, Sr Victor Pereira, mas atendendo à importância deste assunto, não se entende por que motivo não foram pedidas, também, explicações ao Presidente da Liga de Clubes de Futebol Profissional.

3. Olivedesportos, Jogos Fora do Estádio da Luz e Taça da Liga

Se interpretei bem, as três recomendações do Plenário têm a mesma finalidade: demonstrar que podem existir consequências financeiras, para terceiros, caso se mantenha esta infeliz sequência de casos de arbitragem, em prejuízo do Benfica.
Parece-me a mais eficaz de todas as medidas.
O Benfica tem que utilizar, de forma legítima, naturalmente, o poder de que dispõe, para fazer valer os seus direitos.
E nada melhor do que o efeito financeiro para fazer pensar duas vezes quem, eventualmente, possa estar disposto a embarcar numa campanha para prejudicar o Clube.
É claro que seria bom que os sócios e simpatizantes pudessem dar sequência, pelo menos durante algumas jornadas, ao pedido que foi feito, mas mesmo que tal não suceda, fica o aviso.
Em matéria de participação na Taça da Liga, e atentas outras considerações, estou convicto de que o recurso à equipa de juniores do Clube permitiria atingir o objectivo pretendido.

4. Secretário de Estado do Desporto

Parece-me claro que, desde o célebre caso Nuno Assis, o relacionamento entre o Presidente do Benfica e o Dr Laurentino Dias azedou, e muito.
E tudo o que se passou em volta do caso Queirós não contribuiu, decerto, para o apaziguamento desse conflito.
Salvo melhor opinião, não esteve bem o Plenário ao considerar o Secretário de Estado "persona non grata", tanto mais que os motivos invocados são da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol, e não da tutela.
Por maiores e mais justificados que sejam os motivos, entendo que a grandeza do Benfica não é compatível com a abertura de conflitos institucionais com representantes de Órgãos de Soberania, tudo devendo ser feito para que eventuais divergências sejam dirimidas em sede própria.
Quero ainda acrescentar que estranhei o facto de o Plenário não ter tomado posição relativamente à situação irregular em que se encontra a Federação Portuguesa de Futebol, em consequência da qual a Comissão Disciplinar continua integrada na Liga de Clubes, num claro desrespeito pela legislação em vigor.

A terminar, cumpre-me afirmar que, como benfiquista, me solidarizo com a posição assumida pelo Plenário dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica, mas não entendo porque foram poupados, no conjunto das críticas e pedidos de responsabilidades, os presidentes da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol.
Resta-me desejar que esta fase menos positiva possa ser, rapidamente, ultrapassada e que comportamentos exteriores não influenciem a prestação desportiva da nossa equipa de futebol profissional, nem a lucidez dos nossos dirigentes e equipa técnica, na avaliação das diferentes situações.

domingo, 12 de setembro de 2010

À MESA, NO PETER'S...


Propício sentia-se particularmente bem disposto. Uma boa disposição que tinha muito que ver com a situação de vantagem em que se encontrava o seu FC Porto, perante os mais directos adversários, no campeonato nacional de futebol, coisa que já não sucedia há muito tempo e que nem ele acreditaria, se alguém lho tivesse ousado sugerir, no início da prova.
Foi o primeiro a chegar ao Peter's, e tomava o seu café com um sorriso nos lábios, assistindo à chegada dos seus amigos.
Benigno foi o primeiro, e antecipando qualquer piada de Propício, disparou:
-Bom dia, Propício. Parabéns! Imagino que estejas de papo cheio...
-Bom dia Benigno. Obrigado.De papo cheio não estou, mas que sabe muito bem estar em primeiro, com uma boa vantagem sobre os adversários, é verdade. Ontem foi o teu Braga, acontece...
-Sim, mas tem cuidado, não embandeires em arco que ainda é cedo...
Entretanto, Segundo tinha-se abeirado da mesa:
-Ora muito bom dia. Imagino que futebol seja o tema da conversa...
Propício, sorriu, respondendo-lhe:
-Bom dia Segundo, imaginas muito bem, para teu desgosto. O teu Sporting voltou a encostar, mas também não é nada a que não estejas habituado...
-Olha, nem quero falar disso. até porque, confesso, me irrita a situação que se vive no Sporting. Prefiro falar de outras coisas...
Entretanto, chegara Benedito, de rosto carregado, bem demonstrativo de que a sua disposição não era a melhor:
-Bom dia, meus senhores. Como já percebi que o tema é futebol, e para que não fiquem dúvidas, começo por dizer que estou furioso e sem disposição para grandes conversas.
Aqui o Propício deve estar radiante, e tem motivos para isso, mas eu não.
Mas acrescento que não vale a pena começarem as comemorações, como se já tivessem ganho o campeonato, como fez o Vilas Boas, no final do jogo de ontem, porque a procissão ainda vai no adro...
-Ora muito bom dia para ti, também, ripostou Propício. Muito bem, excelente entrada. Acabaste de fazer jus à tese de que o ataque é a melhor defesa.
Mas eu poupo-te e declaro a minha disponibilidade para mudar de tema, se isso puder contribuir para melhorar a tua disposição...
-Que simpatia, muito obrigado. Só que quando a esmola é muita, o pobre desconfia, e quer-me parecer que estás a querer evitar que eu fale da pouca vergonha que têm sido as arbitragens, que muito têm a ajudado o teu clube a ganhar avanço sobre os concorrentes.
E, sem se deter, acrescentou:
-Não que eu desculpe tudo o que se está a passar no Benfica com as arbitragens, mas também não sou ingénuo e já percebi que, nessa matéria, vocês começaram cedo, e bem, este ano.
-Já cá faltavam as arbitragens, atirou Propício.
-Não te faças de anjinho, porque te tenho na conta de um homem sério, e sabes bem que, neste início de campeonato, o Benfica tem sido muito prejudicado pelas arbitragens, o mesmo não se podendo dizer do teu clube. Bem pelo contrário...
-Isso mesmo, agora queixa-te das arbitragens que vais no bom caminho.
Não fales do Roberto, do César Peixoto, do erros do Jesus, que não vale a pena, ironizou Propício.
Benigno, que percebeu que a conversa estava a tomar um rumo que em nada contribuiria para a um clima de boa disposição entre eles, interveio:
-Bem, amigos, chega de bola. O que me dizem à aprovação, pelo Governo da República, da proposta do Governo Regional para alteração do valor das tarifas promocionais, das viagens para o Continente, para valores inferiores a cem euros?
-Ora aí está uma boa notícia, reagiu Segundo, coisa rara nos dias que correm. Resta ver o que dirá a União Europeia, que tem a última palavra, sobre o assunto...
E lá continuaram à conversa, em torno das medidas necessárias para assegurar uma maior aproximação entre os Açores e o Continente, e melhorar as condições de vida da população do arquipélago...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PREOCUPANTE...


O Benfica perdeu mais um jogo, desta vez em Guimarães, e voltou a sofrer dois golos.
A equipa tem, a meu ver, demasiados momentos de nervosismo e apatia, a que acresce o facto de alguns jogadores estarem, claramente, num mau momento de forma.
Por outro lado, e num plantel onde não faltam opções, Jorge Jesus continua a insistir na utilização de alguns jogadores cujo rendimento está muito longe do desejável, como sucedeu com César Peixoto, que perdeu a bola para o segundo golo do Guimarães.
Devo, aliás, confessar que não consigo entender por que motivo Jorge Jesus insiste em utilizar César Peixoto, embora não ignore que, como costumam dizer os entendidos, ele é quem treina os jogadores e lá saberá os motivos da escolha. Enfim...
O facto é que a equipa do Benfica parece demasiado nervosa, insegura, e apesar do inquestionável valor das novas contratações, continua a sentir demasiado as ausências de Di Maria e Ramires.
Dito isto, há que reconhecer que, se o Benfica está a ter um início de campeonato desastroso, o mesmo se pode dizer da arbitragem portuguesa.
O Benfica voltou a ser muito prejudicado pela arbitragem e a actuação do árbitro Benquerença, e dos seus auxiliares, mais pareceu uma malquerença contra os vermelhos, quer pelas grande penalidades que ficaram por marcar, sobre Aimar e Carlos Martins, quer pela falta de critério na exibição de cartões amarelos.
E se a isto juntarmos dois foras-de-jogo mal assinalados, um deles que deu golo e cartão amarelo a Cardozo, em situações que deixavam isolados os jogadores do Benfica, fica mais fácil entender o resultado do jogo.
Convenhamos que, para quatro jornadas, são demasiados os erros, grosseiros, de arbitragem, em jogos do Benfica, o que está longe de ser um bom prenúncio...
Mas se é verdade que o Benfica tem séria razões de queixa das arbitragens, não é menos verdade que Jorge Jesus terá de reflectir sobre este preocupante início de época, e tomar as medidas adequadas.
É que a situação começa a ser, no mínimo, preocupante...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O FIM DE UMA EMBÓFIA...



Como era de esperar, a Direcção da Federação Portuguesa de Futebol demitiu Carlos Queirós.
Interessante, merecendo ser realçado, foi o facto de os dirigentes federativos terem sentido necessidade de explicarem o que queriam dizer no comunicado de 14 de Julho, a propósito do comportamento da selecção no Mundial da África do Sul, podendo ler-se, no comunicado de hoje:

"Não dizemos nem dissemos que cumpriu os objectivos. Cumpriu dois dos objectivos.
Esses dois objectivos foram:
Por um lado, a qualificação para a fase final da prova (a sexta presença consecutiva nas grandes competições internacionais) e, por outro, o apuramento para a fase a eliminar.
Dissemos no dia 14 de Julho e voltamos a afirmar que o resultado fica aquém do que todos ambicionavam mas que foram cumpridos os objectivos mínimos".


Eu, perplexo, limito-me a perguntar por que motivo a Federação pagou um prémio ao seleccionador, se não foram cumpridos os objectivos?
Mas mais do que discutir esta questão, o que nos levaria muito longe, sem qualquer resultado prático, o importante é que se realce o facto de este comunicado, finalmente, deixar claro o motivo que esteve na base da rábula a que temos vindo a assistir, em torno do seleccionador nacional.
A Direcção da Federação Portuguesa de Futebol sempre quis despedir Carlos Queirós, por insatisfação com os resultados desportivos, apesar de ter aceite, contratualmente, pagar-lhe um prémio de apuramento, tendo feito tudo o que estava ao seu alcance para evitar o pagamento correspondente à indemnização por despedimento, sem justa causa.
Se o fez, ou não, em articulação com o CNAD e o Secretário de Estado do Desporto, é uma outra questão, que permanece, mas o comunicado lido por Gilberto Madaíl não deixa dúvidas.
A única boa notícia é a da decisão de solicitar, ao Presidente da Assembleia Geral da FPF, a marcação de uma assembleia geral, para eleição de novos órgãos sociais.
Pena é que esse pedido não consubstancie uma demissão, porque, se é verdade que a Direcção se mantém "com plenos poderes e continuará a trabalhar como até aqui, tendo total autoridade para exercer as respectivas funções estatutárias", não é menos verdade que lhe falta a legitimidade moral para continuar em funções...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

QUAL CRISE? CATÁSTROFE!


Depois de ter empatado, em casa, contra Chipre, sofrendo quatro golos, a selecção nacional acaba de perder com a Noruega, por 1-0.
Mais do que a pobre exibição da equipa portuguesa, estes dois jogos chegaram para demonstrar a incapacidade de Agostinho Oliveira para comandar, mesmo que interinamente, a selecção nacional.
É incompreensível que Agostinho Oliveira não tenha percebido, ainda durante a primeira parte, que a equipa portuguesa estava a ser completamente inoperante, revelando uma confrangedora falta de objectividade, e decidido agir em conformidade...
A verdade é que, a situação em que se encontra a equipa técnica da selecção, que não pode servir para justificar tudo o que se passou nestes dois jogos, é inaceitável, seja qual for a perspectiva pela qual se pretenda analisar o problema, tornando-se imperioso encontrar uma solução definitiva.
Mas a responsabilização por tudo o que se tem passado, desde o regresso da África do Sul, tem de começar pela direcção da Federação Portuguesa de Futebol, e pelo seu presidente, a quem deveria exigir-se a demissão, imediata, e a marcação de eleições.
É que, ao contrário do que vem sendo dito, a situação não é de crise, mas de catástrofe, com os dirigentes federativos a demonstrarem, de forma evidente, a sua incapacidade para continuarem a liderar o futebol português.

MAIS VALE TARDE...


Foi constituída, ontem, no Campus da Justiça de Lisboa, uma Comissão para a Justiça Desportiva, presidida pelo juiz José Manuel Cardoso da Costa, a qual deverá apresentar, no prazo de 3 meses, soluções para o fenómeno jurídico desportivo, tendentes à criação do Tribunal Arbitral de Desporto.
Espera-se, agora, que a comissão possa apresentar, o mais brevemente possível, o resultado das suas reflexões e que o prazo estabelecido não venha a ser prolongado indefinidamente...
Não posso deixar de saudar a iniciativa, que apenas peca por tardia, fazendo votos para que este possa ser o início de um processo tendente a trazer alguma normalidade a uma das áreas mais polémicas, e maltratadas, do desporto português, com particular destaque para o futebol profissional.
Esta é, sem dúvida, uma das situações em que tem plena aplicação o ditado popular:
Mais vale tarde do que nunca!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E AGORA?


Na página da Internet do Jornal de Notícias está a notícia do despedimento do seleccionador nacional de futebol, Carlos Queirós, cujo primeiro parágrafo abaixo reproduzo:

"A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai alegar justa causa para despedir o seleccionador Carlos Queiroz, caso este volte a ser punido pelo Conselho de Disciplina (CD), como tudo o indica, sentença a ser dada durante este mês de Setembro."
( http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1652395 )

Aparentemente, e em tudo o que se relaciona com este caso parece existir uma enorme diferença entre o que é dito pelas partes e as motivações que lhe estão subjacentes, os seis meses de suspensão, aplicados pela Autoridade Antidopagem de Portugal, não serão o motivo do despedimento, mas sim as duas queixas apresentadas, por Amândio de Carvalho e pela direcção da Federação, contra o seleccionador nacional.
Ninguém duvida que este é um caso de desfecho anunciado, restando saber se o despedimento do seleccionador se faz pela via de um acordo, ou se o processo irá arrastar-se pelos tribunais.
Seja como for, o facto é que Queirós já não é, na prática, o seleccionador nacional, e não tem condições para voltar a ocupar o cargo, depois da suspensão que lhe foi aplicada.
Consideremos, pois, arrumada a questão da permanência do seleccionador.
Depois de todo este lamentável espectáculo a que temos assistido, será que ainda alguém defende a permanência em funções da actual direcção da Federação?
Tem, a actual direcção da Federação, a credibilidade mínima necessária à sua permanência no cargo?
Salvo melhor opinião, penso que a resposta a estas duas perguntas só pode ser um rotundo não, pelo que é urgente a marcação de eleições para a Federação Portuguesa de Futebol.
Até porque, depois de tudo o que se passou, os actuais dirigentes deixaram de ter legitimidade, moral, para escolherem um novo seleccionador.
Isto para não falar da vergonha que é a perda do estatuto de utilidade pública desportiva, que a ninguém parece preocupar, incluindo o Secretário de Estado do Desporto.
Mas também seria interessante conhecermos o que pensa, sobre todo este processo, o Presidente da Liga de Clubes de Futebol Profissional.
Será que concorda com a entrega dos destinos da selecção nacional de futebol nas mãos de representantes das Associações distritais, que representam o futebol amador?
Considera o dr.Fernando Gomes, presidente da Liga, que a representação federativa, junto da selecção nacional, fica bem entregue ao vice-presidente, dr. Amândio de Carvalho?
Será que, o dr. Fernando Gomes, que ocupa, por inerência, um lugar na direcção da Federação, não deveria vir dizer-nos o que pensam os representantes do futebol profissional de toda esta situação?
Não tenho, infelizmente, a ilusão de pensar que a Liga venha a assumir uma posição pública sobre este assunto, mas não duvido que ela era necessária e era devida.
Até porque considero que, entregar a responsabilidade dos destinos da selecção nacional de futebol a um grupo de dirigentes amadores não parece, no contexto do futebol actual, fazer qualquer sentido.
Mas não deixa de ser curioso que os representantes do futebol profissional não pareçam estar preocupados com este assunto e não se sintam obrigados a expressar o seu entendimento sobre matéria tão importante.
Decerto que existem, subjacentes a toda esta problemática, muitas e boas razões que justificam o comportamento das partes.
Resta-nos esperar que, relativamente à esmagadora maioria dessas razões, a Razão não as desconheça...

À MESA, NO PETER'S...


O fim-de-semana desportivo decorrera sem grandes novidades e a boa disposição entre o grupo de amigos era evidente.
O tema do dia era, naturalmente, o facto de Roberto ter defendido um penalti, já que a transferência de Meireles era mais do que esperada, não sendo o que se pode considerar uma novidade a sua ida para o Manchester United.
Benedito, visivelmente bem disposto, comentava:
- Para vos dizer a verdade, já nem sei se foi bom o homem ter defendido o penalti. Agora é que o meu Benfica vai acabar por ficar com ele, e não vamos ter um guarda-redes de categoria, para atacarmos a Liga dos Campeões.
- Ainda bem! Por mim , o Benfica deve manter o Roberto na baliza, por muitos e bons anos, reagiu, trocista, Segundo, enquanto piscava o olho a Propício.
- Eu sei que sim, mas não se deixem enganar. Basta o Benfica voltar ao ritmo do ano passado que, mesmo com problemas na baliza, temos equipa para renovarmos o título nacional. Na Liga dos Campeões é que a coisa fia mais fino.
- Vejo que voltaste a recuperar a confiança, atirou-lhe Propício. Isso é que é fé, sim senhor.
- Não recuperei porque nunca deixei de ter, mas é lógico que vencer o Setúbal, jogando com 10 jogadores durante 65 minutos e marcando dois golos nesse período, é motivo para os benfiquistas estarem satisfeitos. E é um claro aviso aos adversários para que se cuidem.
- Mas, meus caros, agora vem aí uma paragem, por causa dos jogos da selecção, pelo que o melhor é aguardarmos, e abrirmos uma trégua futebolista, sugeriu Benigno.
O que é que vocês me dizem do navegador solitário, brasileiro, que foi salvo por uma embarcação de pesca, ao largo de São Miguel ?
- Estava com uma avaria no leme do veleiro, acrescentou Segundo. Acabou por ter muita sorte!
E lá ficaram a comentar as incidências associadas ao caso…