sábado, 30 de outubro de 2010

"LA MANO DE DIOS" E O "PANTERA NEGRA"


Por estranho que nos possa parecer, a nós, portugueses, existe vida para além do Orçamento Geral do Estado e da crise em que o País está mergulhado.
Pelé, que os brasileiros preferem chamar de "Rei Pelé" celebrou, esta semana, setenta primaveras, enquanto Diego Armando Maradona, "El Pibe", comemorou os seus cinquenta anos.
Tive ocasião de ver, pela primeira vez, o filme "La Mano de Dios" e devo admitir que teve em mim um impacto muito superior ao que eu poderia imaginar.
A vida atribulada de Maradona, o seu envolvimento com a camorra e com o mundo das drogas, gerara em mim uma antipatia pelo craque, em contraste com a admiração pela sua genialidade futebolística.
Acontece que este filme adocicou a minha perspectiva sobre o homem e reforçou a minha admiração pelo pequeno génio argentino.
E os golos de Diego Armando Maradona, autênticas pinturas, em nada desmerecem daqueles que levaram Pelé a ser considerado "Rei", ou Eusébio, o nosso "King", a ser apelidado de "Pantera Negra", bem pelo contrário.
Sem quaisquer considerações de natureza técnica, até porque me falta a competência, devo dizer que se trata de um bom filme, que retrata a vida do ídolo, nos relvados, e de um deslumbrado delinquente, fora deles.
Só que Maradona era, e continua a ser, uma criança num corpo de homem, com tudo o que isto significa, para o melhor e o pior.
O seu apego aos pais, às filhas e aos amigos, mesmo quando falsos, faz-me crer que se trata, afinal, de um homem bom, que a sociedade corrompeu, como defenderia Rousseau.
Mas também não me custa admitir que esta minha perspectiva seja demasiado benévola...
Seduzido pela película, que nunca tinha visto, não pude deixar de lembrar Pelé, mas sobretudo Eusébio, que tiveram a infelicidade de não ter nascido 30 anos mais tarde, para um futebol que gera milhões e deixa a maior parte dos atletas sem tostões, ainda que, um e outro, não tenham razões de queixa.
Mas este filme suscitou-me, também, uma interrogação:
Para quando um filme sobre a vida de Eusébio?
Ainda que a tragédia e o drama vendam mais, como todos sabemos, estou convicto de que não faltaria mercado para um filme sob a vida do "Pantera Negra", que não sendo tão recheada de dramas e contrastes, como a de Maradona, tem, seguramente, episódios suficientemente interessantes para garantirem uma obra de sucesso.
E Eusébio merecia, em vida, essa homenagem!

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