sábado, 2 de outubro de 2010

O FLAMENGO E O FUTEBOL BRASILEIRO


Para que não restem dúvidas, sou português, e as minhas simpatias, no que diz respeito ao futebol brasileiro, vão para o Vasco e a Portuguesa, embora saiba que são muitos os portugueses que torcem pelo Flamengo.
Desde há alguns anos que procuro acompanhar a evolução do futebol brasileiro, não só pela ligação afectiva ao país, mas também porque são muitos os jogadores, oriundos do Brasil, que jogam em equipas portuguesas.
Até porque se trata do campeão da época passada, tenho seguido, com atenção, a difícil situação que se vive no Flamengo, que corre o sério risco de descer de divisão, apesar de já ter trocado duas vezes de treinador, esta época.
E devo dizer que, aquilo a que tenho assistido, nestes últimos dias, é, a meu ver, absolutamente inqualificável.
Desde a autorização concedida a membros das claques para interpelarem jogadores, e terem uma reunião, no balneário, com a equipa, até ao pedido de demissão de Zico, uma das grandes figuras do clube, contratado em Junho para Director Executivo, tudo parece não passar de um enorme somatório de equívocos e falta de liderança.
Pelo meio, as repetidas notícias sobre o possível despedimento de Silas, treinador contratado há um mês, cuja autoridade tem sido, permanentemente, posta em causa.
Salvo melhor opinião, e com o devido respeito, tanto mais que sou estrangeiro e nem sequer sou adepto do Flamengo, o que se está a passar merece uma análise muito séria, sob diversos pontos de vista, não só por parte dos adeptos flamenguistas, mas de todos os brasileiros que amam o futebol.
Num campeonato que tem dois jogos por semana, com longas deslocações, em que os treinadores mal têm tempo para conversar com os jogadores, quanto mais para treinar, será sério pretender despedir um treinador, ao fim de um mês de trabalho?
E será aceitável que, num clube profissional, representantes das claques, por maior que seja o seu número e o envolvimento com a equipa, sejam autorizados a pedir explicações ao jogadores, chegando ao cúmulo de se autorizar a sua presença no balneário?
Que papel reclamam para si, dirigentes e equipas técnicas, quando autorizam, ou não reagem, a intromissão dos adeptos na sua esfera de competência?
E como entender alguma imprensa desportiva, quando dá voz a estas situações, sem ter o cuidado de fazer uma análise, crítica, das suas consequências?
Na minha modesta opinião, a situação no Flamengo é o paradigma do que não se deve fazer, num clube de futebol profissional, em matéria de autoridade e gestão desportiva, e seria importante, para bem do futebol brasileiro, que se fizesse uma análise, crítica, deste processo.
A 11 jornadas do fim e a 4 pontos da chamada "zona de rebaixamento", até pode ser que o Flamengo acabe por se manter na Série A do Campeonato Brasileiro, mas este processo veio provar que o comportamento da sua equipa dirigente não a recomenda, nem para liderar uma equipa de amadores.
Sem qualquer desprimor para com a presidente do clube, Patrícia Amorim, prestigiada figura da natação brasileira, a qual me parece ser mais vítima do que culpada...

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