segunda-feira, 22 de novembro de 2010

EM DEFESA DO FUTEBOL...


"Das 42 equipas que fazem parte da Liga BBVA (primeira liga espanhola) e Liga Adelante (segunda liga espanhola), 30 chegaram a um acordo que prevê uma forma mais equitativa para a partilha das receitas provenientes dos direitos de transmissão televisiva da liga, reduzindo o fosso que separa as grandes das pequenas equipas.
Em 2009/2010 a venda dos direitos de transmissão televisiva dos 42 clubes da primeira e segunda ligas espanhola, cifrou-se em cerca de 625 milhões de Euros. Deste valor, Real Madrid e FC Barcelona arrecadaram cerca de 22,5% cada, enquanto por exemplo os clubes mais pequenos da primeira liga arrecadaram pouco mais que 1,5%. (ver. As receitas TV dos clubes Espanhóis em 09/10)
Embora o acordo não seja unânime, Real Madrid e FC Barcelona concordaram em reduzir as suas percentagem nas receitas televisivas de 22,5% para 17%, significando que em vez de arrecadaram em conjunto 280 milhões de Euros, passam a ganhar 212,5 milhões de Euros anuais, levando em conta o valor das receitas TV de 09/10.
Este acordo prevê também a redução nas receitas TV conjuntas de Atlético Madrid e Valencia de 13% para 11%, enquanto as 22 equipas da segunda liga, terão direito a 9% da receita, mais do dobro da receita actual. No entanto alguns clubes consideram insuficiente este acordo, nomeadamente; Sevilha, At. Bilbao, Villarreal, Espanhol, Zaragoza e Real Sociedad."

A notícia, tal como a transcrevo, consta da edição "on-line", de hôje, da futebolfinance (www.futebolfinance.com), a qual tem como título "Real Madrid e FC Barcelona concordam diminuir as receitas TV".
Apesar da falta de unanimidade, registe a disponibilidade dos dois gigantes do futebol espanhol, e mundial, em abdicarem de parte das suas receitas, em favor dos clubes mais pequenos, uma forma de melhorar a situação financeira destes e, por esta via, melhorar a competitividade do futebol espanhol.
Por cá, ao contrário, é o cada um que se amanhe, com os dirigentes da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, e dos nossos principais clubes, a assobiarem para o lado e a fazerem de conta que não percebem...
Entre as várias coisas que é preciso alterar no futebol português, como o próprio quadro competitivo, rever a questão do financiamento dos clubes deveria constituir uma das principais prioridades de quem tem a responsabilidade pela sua gestão.
O modelo existente já provou que não serve os interesses do futebol nacional e tem produzido os resultados que todos conhecemos: clubes em dificuldades e salários em atraso.
Alterar a situação actual, o que só é possível pela via de um entendimento entre a Liga, os clubes que ela representa e a Olivedesportos, a principal "financiadora" do sistema, pela via dos direitos televisivos, deveria ser o objectivo de todos os que pugnam por uma maior competitividade no futebol português.
Mas isso implicaria que todas as partes envolvidas reconhecessem que a alteração do actual sistema, desenhado para favorecer os grandes clubes, acabaria, a médio prazo, por trazer benefícios para todos, o que parece estar longe de acontecer.
Afinal, no futebol, como em tantas outras coisas no nosso país, a política de dividir para reinar parece acabar, sempre, ou quase sempre, por prevalecer, com os interesses particulares a sobreporem-se aos interesses colectivos...

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